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Biocombustíveis são e serão o principal fator para a redução de emissões

Estudo sobre o tema será apresentado na segunda-feira (24)

O estudo “O papel dos biocombustíveis para a descarbonização do transporte viário” aponta que os biocombustíveis são e serão o fator de maior contribuição para a redução das emissões de carbono no segmento dos transportes até 2030, em pelo menos quatro países – Brasil, Estados Unidos, Suécia e Finlândia.

Na Finlândia e na Suécia, o impacto deixa de ser o principal apenas em 2040, quando se prevê que os carros elétricos sejam majoritários na frota local. Na Alemanha, os biocombustíveis trariam maior impacto após 2030. Já, no Brasil, definitivamente, eles já se apresentam como o principal fator e devem se manter na liderança até, pelo menos, 2050.

Encabeçado por Dina Bacovsky, pesquisadora do centro de pesquisas BEST (Bioenergy and Sustainable Technologies), da Áustria, a pesquisa conta com a participação de outros 20 pesquisadores dos Programas de Colaboração Tecnológica em Bioenergia e em Combustíveis Avançados de Motores da Agência Internacional de Energia (IEA Bioenergy e IEA Advanced Motor Fuels).

O estudo será tema de uma apresentação durante o Biofuture Summit II e Brazilian Bionergy Science and Technology Conference 2021 (BBEST2021), que tem início, virtualmente, na próxima segunda-feira (24) com a participação de mais de 30 países e cerca de 150 trabalhos de pesquisadores internacionais, sediado a partir do Brasil.

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Segundo a pesquisadora, para que as cinco economias estudadas (Brasil, Estados Unidos, Suécia, Finlândia e Alemanha) atinjam as metas de redução de emissões de carbono no setor de transporte viário até 2050, será necessário que adotem várias medidas simultaneamente.

A redução da demanda por transporte viário, o aumento da eficiência dos veículos, a adição de biocombustíveis aos combustíveis fósseis, adoção de eletricidade gerada por fontes renováveis e o uso de hidrogênio obtido a partir de fontes renováveis, como o etanol, por exemplo, são apontadas como as mais promissoras para fazer frente às ambiciosas metas com as quais os governos desses países se comprometeram.

O estudo contou com a participação de 20 especialistas de sete países e se debruçou sobre o impacto de combustíveis como etanol, metanol, álcoois superiores diversos (a exemplo do butanol), éteres, biodiesel e metano, como, ainda, o impacto da redução de hidrocarbonetos nos combustíveis vigentes.

A partir do extenso levantamento nos cinco países, é possível afirmar que todos têm recursos em plantações suficientes para a produção de biocombustíveis em larga escala para substituir em até 30% a demanda de combustível fóssil para o setor de transporte até, pelo menos, 2060. Entre os recursos possíveis, foram citadas plantações voltadas à produção de energia (como cana-de-açúcar e milho), resíduos de safras, resíduos orgânicos de processos diversos, biogás, lenha, resíduos de construção e sobras de madeira.

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Os cenários estudados levaram em conta a situação atual versus o potencial da adoção massiva de biocombustíveis, assim como de biocombustíveis aprimorados tecnicamente ao máximo (também chamados de “maxbios”), e do uso de carros elétricos em larga escala.

Segundo ela, o Brasil se destaca no cenário. Aqui, frente aos biocombustíveis, os carros elétricos não aparecem como uma contribuição significativa até 2050 em termos do seu impacto à matriz de energia do setor de transportes viários. Ela alerta, no entanto, que, apesar do uso intensivo de biocombustíveis no transporte viário, dada à frota flex e à adição de etanol na gasolina, as emissões do país deverão crescer até 2045.

“Faz sentido, pois o país é uma economia em crescimento e haverá pressões para que tanto o total de quilômetros por passageiros como o total de quilômetros por frota sigam aumentando”, comenta.

A pesquisadora explica que, potencialmente, o uso intensivo dos maxbios teria uma contribuição expressiva a dar na redução das emissões. “Isso seria relativamente fácil, uma vez que a frota local já é flex. Partimos do pressuposto que todos passariam a usá-los, assim como o biodiesel na substituição ao diesel”, conta. Para Dina, o Brasil tem, sim, potencial para zerar suas emissões, mas isso implicaria na necessidade de se investir em uma grande produção local de biodiesel.

O estudo está disponível nos sites www.iea-amf.org e www.ieabioenergy.com

 

 

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