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Automóvel tricombustível anda bem, mas só deve chegar às ruas em 2005

Começamos o teste do Polo tricombustível rodando com álcool. Ele anda ainda com mais disposição do que o já bom 1.6 a gasolina. O protótipo ganha velocidade rapidamente e é só alegria nas retomadas. Como o objetivo era testar o funcionamento com GNV, resolvemos apertar a chave seletora.

Surpresa: a maior diferença que notamos foi o acendimento de duas luzes sobre o seletor. Elas indicam que o carro está funcionando com GNV. O comportamento do tricombustível não mudou.

Uma mistura de frustração e encanto nos fez repetir a operação várias vezes. Mas o Polo continuou impávido. Não dava para sentir perda de força.

Na estrada, mais uma vez um festival de alternância de combustível. Só munidos de muito preciosismo conseguimos notar uma pequena perda de ímpeto nas retomadas, quando o carro rodava com GNV.

A Bosch mede o consumo do protótipo com uma relação de quilômetro rodado por real gasto. Segundo a empresa, o GNV (que custa metade do preço da gasolina) apresenta um resultado km/real 60% melhor do que o da gasolina, que, por sua vez, é melhor do que o do álcool. Ou seja: a cada real gasto em combustível, roda-se 60% mais com GNV do que com gasolina.

Próximo passo é colocar um turbo no tricombustível

Este comportamento é resultado do bom funcionamento do GNV com a taxa de compressão do motor (10.8:1) e de uma artimanha. A central eletrônica gerencia o torque do motor e o mantém constante quando se troca o combustível líquido pelo gasoso ou vice-versa. Assim, não há trancos.

Mas a Bosch já pensa em uma evolução do tricombustível. A idéia é colocar um pequeno turbo no motor, tipo o do finado Gol 1.0 Turbo.

— Com o turbo, colocamos mais ar no motor, o que vai fazer o carro ficar ainda melhor com o GNV — afirma Fábio Ferreira, gerente de aplicação de produtos da Bosch.

Por enquanto, porém, é o sistema aspirado que está próximo de ganhar as ruas. Segundo a Bosch, ele pode equipar carros de série já no próximo ano. Há, inclusive, conversas com algumas montadoras.

Mas, enquanto os engenheiros pensam no futuro, os carros bicombustíveis mostram força no presente.

Em março de 2003, quando chegou ao mercado o Gol Total Flex, primeiro flexfuel nacional, foram vendidas apenas 26 unidades. Já em fevereiro deste ano, com nove modelos bicombustíveis diferentes, de Fiat, GM e Volks, foram comercializadas 15.654 unidades.

E as vendas devem crescer ainda mais com a chegada de novos modelos. Nas duas últimas semanas, Palio Weekend, Siena e Zafira ganharam versões bicombustíveis. Em abril, será a vez do Astra.

A Ford, a primeira marca a alardear, em 2002, as maravilhas do flexfuel e a exibir um protótipo do Fiesta com o sistema, finalmente passará da teoria à prática. No segundo semestre, lançará um Fiesta bicombustível. Já no início de 2005, o Peugeot 206, o Renault Clio e o Citroën C3 também ganharão versões flexíveis.

— É uma tendência do mercado brasileiro e nenhuma montadora poderá ficar de fora — afirma Bruno Grundeler, presidente da Peugeot do Brasil.

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