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Adoção do álcool pelos EUA é benéfica

“Ao Brasil interessa que os Estados Unidos passem a utilizar o álcool como combustível, mesmo que seja álcool de milho”, afirma o professor Alexandre Lahóz Mendonça de Barros. Segundo ele, a adoção transformaria o etanol em commodity o que facilitaria, a médio prazo, a exportação do combustível renovável brasileiro para outros países como o Japão. Alexandre de Barros é consultor e professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (Esalq). Ele esteve ontem em Rio Preto falando a produtores rurais da região sobre as perspectivas da safra 2004/2005 em dia de campo da Agrolep, revenda John Deere. Segundo o professor, as expectativas a curto prazo para o setor sucroalcooleiro não são animadoras e, caso seja confirmada a queda nos valores anunciados para o quilo de açúcares totais recuperáveis (ATR) na safra 2004/2005, a tendência é ocorrer uma redução na aplicação de insumos nos canaviais e também na renovação de áreas plantadas. O resultado seria queda na produtividade por hectare plantado.

O Brasil produziu em 2003 cerca de 13,86 bilhões de litros de álcool e, mesmo que países como o Japão adicionem etanol ao combustível, a expectativa é de que a médio prazo haja um aumento na exportação de 1 bilhão para 4 bilhões litros. “Mesmo que a exportação aumentasse de imediato, isso não resolveria nosso problema de excesso de oferta”, diz. Para o professor da Esalq, o governo dos Estados Unidos não deve liberar a importação de álcool brasileiro em detrimento aos interesses dos produtores norte-americanos de milho, cereal utilizado para a produção de etanol em diversos países do Hemisfério Norte. “O custo do álcool brasileiro é pelo menos a metade do custo de outros países”, afirma.

No entanto, a distância dos centros consumidores é um dos fatores aos quais a indústria e os produtores de cana do Brasil devem estar atentos. “Com a abertura da China, os fretes marítimos triplicaram no último ano. Nossos portos são ineficientes, o que encarece o custo do produto brasileiro”, explica. Alexandre Barros não descarta a possibilidade do álcool brasileiro ser utilizado durante um período de transição e, posteriormente, ser substituído pela produção de países como Austrália e Tailândia, que assumiriam o fornecimento para países da Ásia e da Europa. Sobre a venda de plantas de usinas de açúcar e de álcool, Alexandre de Barros diz não haver muita importância. “Se não comprarem nossas plantas, vão comprar de outros países”, disse.

Soja

O avanço da soja em território paulista é visto com bons olhos pelo professor da Esalq, já que o custo da logística é muito menor do que nos Estados do Centro-Oeste. “Está a 450 quilômetros do porto de Santos”, afirma. A cultura pode ser rendosa, apesar das condições climáticas não sem muito favoráveis à cultura no interior paulista, como ocorre em outras regiões brasileiras. “Além disso, os produtores paulistas não têm experiência com a soja e não existem variedades adaptadas às condições paulistas”, disse. “Mas isso pode ser desenvolvido. Existem diversas variedades adaptadas às localidades brasileiras.” A indústria sucroalcooleira é apontada pelo professor como o setor que poderia incrementar o plantio da oleoginosa na região, intercalado com o plantio da cultura da cana que tem 20% da área plantada renovada a cada cinco anos. “O preço da soja está bom e os dados estatísticos demonstram que o consumo permanecerá crescente nos próximos anos”, diz.

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