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14% de biodiesel na mistura do diesel pode atenuar ameaça de escassez

Produtores avaliam que estimular o uso do biocombustível pode garantir o abastecimento

14% de biodiesel na mistura do diesel pode atenuar ameaça de escassez

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) adverte sobre o risco de desabastecimento de óleo diesel no Brasil, a partir do segundo semestre deste ano, em função da prevista escassez de oferta no mercado internacional e do baixo nível dos estoques mundiais.

“A demanda brasileira pelo produto tende a aumentar a partir de junho/julho próximos, com o aumento da safra agrícola, a maior circulação de caminhões e a esperada retomada do consumo no período pós pandemia da covid-19“, disse em nota a entidade.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil importa em média cerca de 25% de todo o diesel que consome, dependendo da época do ano. Durante a safra, quando aumenta o número de caminhões em circulação, as importações podem chegar a 30%.

Para a Associação dos Produtores de Biodiesel (Aprobio), a eventual crise de abastecimento poderia ser amenizada se o governo aumentasse a mistura do biodiesel de 10% para 14%.

O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) foi criado em 2005 e passou por várias regulamentações. A mais recente foi em 2018, quando o governo de Michel Temer estabeleceu um cronograma de evolução da mistura obrigatória de biodiesel que previa 1 ponto porcentual por ano até atingir a mistura de 15% (B15), em 2023.

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Em 2019, a mistura foi de 11%, e de 12% em 2020. Este ano, portanto, defendem os produtores, deveria ser a vez da mistura de 14%, mas foi reduzida para 10%, aumentando a necessidade da importação de diesel.

Pelas contas da Aprobio, se a mistura fosse de 14% (B14), o Brasil teria consumido aproximadamente mais 200 mil metros cúbicos de biodiesel em abril, evitando assim a necessidade de importação de volume equivalente de diesel.

O preço do diesel disparou no mercado internacional com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, com o fluxo de comércio sendo modificado para atender os países europeus que dependem do gás da Rússia. O país ameaça cortar o fornecimento de gás para vários países, já tendo cortado o envio do insumo para Bulgária, Polônia e Finlândia. Sem gás, a alternativa é usar diesel, o que provoca a escassez no mercado mundial.

Com o mercado de diesel menos aquecido, a contração na atividade das usinas de biodiesel se aprofundou em abril. No mês passado, os produtores reportaram à ANP a produção de 477,8 mil m³ de biocombustível. Esse volume é praticamente um quarto – 24,3% – menor do que no ano passado, quando quase 631 mil m³ foram colocados à disposição do mercado nacional.

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