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Americanos podem derrubar preços do álcool

A expectativa de que os Estados Unidos exportem 1 bilhão de litros de álcool este ano deve pressionar os preços internacionais do álcool, segundo Christoph Berg, diretor da consultoria alemã F.O. Licht. O cenário é diferente do de 2004, lembrou Berg, quando as margens das indústrias de álcool foram altas, considerando os preços elevados do petróleo no mercado internacional. “A produção de álcool foi altamente lucrativa no Brasil e nos EUA no ano passado”, disse Berg, que participou, nesta terça-feira (15/03), em São Paulo, de um seminário internacional de açúcar e álcool.

Segundo ele, o Brasil poderá perder espaço no exterior, reduzindo suas exportações de 2,4 bilhões de litros em 2004 para algo em torno de 1,5 bilhão de litros este ano.

O aumento da produção de álcool nos EUA deve limitar a entrada do produto brasileiro no mercado americano. Em 2004, o Brasil exportou quase 500 milhões de litros de álcool aos EUA, boa parte pagando tarifa de US$ 0,54 centavos por galão. Neste ano, as exportações do Brasil aos EUA devem ser via Caribe, em menor volume.

Atualmente, os americanos e o Brasil negociam 80% do volume de álcool no exterior. Em 2012, as projeções da F.O. Licht são de que outros países exportadores abocanhem juntos um terço desse mercado, reduzindo as participações brasileiras e americanas.

Para Berg, se os crescentes investimentos na produção de álcool nos EUA e no Brasil não forem absorvidos, poderão gerar um excedente entre 3,5 bilhões e 4 bilhões de litros no mercado internacional entre 2006 e 2008. Esse excedente poderá pressionar as cotações. Atualmente, há exportações saindo a US$ 300 por metro cúbico.

Na Europa, os investimentos no mercado de álcool esbarram em um programa efetivo para álcool. A União Européia já possui diretrizes, que indicam a mistura de álcool ou biodiesel na gasolina e no diesel, em 2%, em um primeiro momento, e de 5,75%, em um segundo momento. Contudo, boa parte dos países do bloco europeu ainda não está preparada para implantar o programa, informou Robert Vierhout, secretário-geral da Associação dos Produtores de Álcool Combustível, entidade ainda em formação.

No açúcar, a expectativa é de que os preços continuem firmes na safra 2005/06, de acordo com Helmut Ahlfeld, diretor da consultoria F.O. Licht. A quebra de produção de alguns países asiáticos dará a sustentação aos preços. A abertura do mercado para açúcar deverá continuar limitada, sobretudo, nos EUA, disse o acadêmico Andrew Schmitz, da Universidade da Flórida. Segundo ele, o lobby dos produtores americanos é forte, o que não permitirá mudanças no médio e longo prazo. Na UE, contudo, o regime de açúcar do bloco começa a ser revisto este ano.

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