JornalCana

América Latina pode exportar energia

O Brasil está numa situação melhor do que vários outros países no que tange ao futuro energético, embora a situação não quer dizer que seja confortável hoje. Mas com investimentos e estabilidade política, a América Latina como um todo poderá se tornar um exportador importante de energia, tanto pelas reservas de gás e petróleo quanto pelos biocombustíveis feitos pelo Brasil, analisa um estudo de Georg Caspary, do Deutsche Bank.

Segundo o estudo do banco alemão, a América Latina tem potencial para se tornar um importante exportador de energia. Isso decorre das reservas de petróleo, especialmente da Venezuela e também do gás natural, que pode ser encontrado em grandes quantidades na Venezuela, Bolívia e Trinidad e Tobago. Mas México, Brasil, Colômbia e Equador também possuem reservas consideráveis de petróleo.

Entretanto, a região sofre com instabilidades políticas, decorridas das quebras de contratos que aconteceram na Venezuela e Bolívia. Isso provocou queda nos investimentos, o que pode comprometer o papel da região como player mundial no setor de energia. Para o Deutsche Bank, o populismo de líderes como Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia) na região é contrabalanceado por governos mais responsáveis e liberais, como Michelle Bachelet (Chile), Felipe Calderón (México) e Álvaro Uribe (Colômbia). Luis Inácio Lula da Silva, no Brasil, e o casal Kirchner, na Argentina, se situariam no meio da divisão ideológica.

Se no curto prazo a região não será exportadora líquida de hidrocarbonetos, duas de suas maiores economias (México e Brasil) não vão sofrer com a falta de petróleo que acontece nas economias chinesas e indianas. “Brasil e México devem ficar próximos da auto-suficiência nos próximos anos com o resto da região se tornando, liquidamente, pequenos exportadores”, diz o estudo.

O banco vê na experiência do Brasil com biodiesel e etanol vantagens na substituição de hidrocarbonetos e na exportação de energia. O Brasil já utiliza 40% de sua energia com base em fontes renováveis, principalmente a hidreletricidade. Mas o crescimento do etanol e biodiesel é notável, acentua o estudo do banco alemão. O Brasil ganharia muito com o desenvolvimento do mercado internacional de etanol e já é o maior exportador do mundo deste produto.

Sérgio Eduardo Silveira da Rosa, do BNDES, entretanto, vê os biocombustíveis como algo ainda limitado para substituir a era do petróleo. “Uma plataforma da Petrobras com produção de 180 mil barris por dia equivale à produção de álcool do Brasil como um todo, em suas 300 usinas. Isso dá, mais ou menos, 20 bilhões de litros de álcool”, compara. O Brasil produz cerca de 1,9 milhão de barris por dia. “O biocombustível é limitado em relação ao petróleo. Isso porque o petróleo está lá, basta extrair. O etanol você tem que plantar, colher, esmagar e produzir. Leva tempo”, compara.

A novidade para o Brasil foi a anunciada descoberta de Tupi, uma grande jazida que fica embaixo da camada do pré-sal, na Bacia de Santos. Sem a grande jazida de Tupi, os cálculos do Pico de Hubbert para o Brasil dão conta de que o máximo de produção não estaria muito distante, entre 2010 e 2015. “Imagine que Tupi é um outro País”, diz, lembrando que o potencial da nova jazida ainda está para ser definido. Há quem fale que a região do pré-sal como um todo poderia ter até 70 bilhões de barris. Se isso for provado, o Brasil exportará não apenas biocombustíveis, mas será um forte candidato a lucrar com vendas de petróleo e derivados. E com o preço nas alturas.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram