Mercado

Alta de preço deve frear venda de etanol no país

O consumo de etanol poderá cair de 30% a 50% no Brasil entre janeiro e abril de 2007, na entressafra, por causa do alto preço do produto. A estimativa foi apresentada ontem (dia 19) por Julio Borges, da Job Economia e Planejamento, em conferência internacional sobre açúcar e etanol, em Genebra.

Ao longo do próximo ano, Borges prevê queda de 20% no consumo do combustível, quase o dobro dos 12,5% deste ano quando parte dos proprietários de carros recusou pagar mais pelo etanol e preferiu aumentar o uso de gasolina.

Ele previu que a produção de etanol tende a dominar a próxima safra (maio de 2007 a abril de 2008) no Brasil, diante da baixa de preço do açúcar. Na conferência organizada pela Sugar Online, a Cargill destacou que nesta safra haverá excesso de oferta de 3,3 milhões de toneladas de açúcar globalmente, pressionando a cotação da commodity.

Assim, o “viés alcooleiro” significa que mais de 50% da produção será usada para fabricar etanol no país. Mas a corretora Czarnikow Sugar, de Londres, acha que o Brasil, maior produtor mundial de etanol, poderá ter dificuldades em produzir combustível suficiente para atender a demanda interna porque os altos preços do produto encorajam a exportação.

Na mesma linha, Borges estima que a demanda por etanol poderá dobrar no país até 2015 – de 13,5 bilhões de litros para 32,7 bilhões – e que possivelmente o aumento não será suficiente para atender a todos os mercados.

Ele calcula que, se o Brasil exportar etanol nos próximos dez anos acima dos níveis atuais, de 2,5 bilhões de litros por ano, não terá condições de atender o mercado interno sem restrição, ou seja, sem preço alto na bomba. “Uma das opções é o país reduzir o ritmo do crescimento das exportar”. Ou seja, o Brasil terá a carta na mão de escolher a conveniência de exportar ou não, dependendo do preço.

Na conferência encerrada ontem, analistas notaram que a forte exportação de açúcar da União Européia no início do ano e uma inesperada demanda fraca de China e Rússia estão entre os fatores mantendo o preço baixo do açúcar.

Agora, o mercado monitora a situação no Brasil e Índia, porque os dois países produzirão 7,6 milhões de toneladas da expansão global estimada em 14 milhões de toneladas em 2006/07. A expectativa é de que a produção no Brasil aumente 7 a 8% ao ano e a área plantada de cana dobre – ainda assim, podendo ser abocanhada unicamente pelo mercado doméstico.

Já o indiano Surinder Singh, da Mapex Índia, disse estar investindo centenas de milhões de dólares para produzir muito açúcar a partir de 2008, na expectativa de tomar fatias de mercado do Brasil na Ásia. Para analistas, o custo de produção é próximo entre os dois países.

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