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Alencar negocia fim do embargo russo

Governo quer provar que focos da doença da febre aftosa estão restritos ao Norte do País. O governo tenta esta semana reverter o embargo russo às carnes brasileiras, imposto no último dia 21. Em contrapartida à retomada da compra do produto nacional, o Brasil negocia a legislação sanitária para importação de trigo russo e o fim das cotas para frangos e suínos a partir do ano que vem.

A missão brasileira será chefiada pelo vice-presidente da República, José Alencar, e contará com a presença de representantes do setor privado. Hoje, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Amauri Dimárzio, se reúne em Moscou com o vice-ministro da Agricultura da Rússia, Sergei Dankvert, para entregar as respostas ao questionário elaborado pelo governo russo sobre o sistema de defesa sanitária do Brasil. Os técnicos do ministério retornam quarta-feira.

A Rússia é o maior importador de suínos, frangos e bovinos do Brasil. Essa é a segunda vez neste ano que o país recusa cargas brasileiras devido à ocorrência de febre aftosa. Nas duas oportunidades, a doença foi detectada no Circuito Pecuário Norte, que não participa do mercado exportador. De acordo com as regras internacionais, os importadores sabem por meio da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) que a região está sob risco de surto de aftosa.

Uma semana após o anúncio do embargo, a Rússia liberou as cargas que estavam a caminho do país. Por isso, na prática, nos últimos 20 dias o Brasil não deixou de exportar. No entanto, não ocorreram novos negócios. À medida que as indústrias deixarem de remeter esse produto, estima-se um prejuízo diário de US$ 4 milhões.

“Se o embargo persistir por mais de 10 dias, poderemos ter problemas”, afirma Paulo Molinari, analista da consultoria Safras & Mercado. Segundo ele, como a Rússia importa muita carne suína do Brasil, o País terá de buscar novos mercados e isso pode afetar os preços internos. “A continuidade do embargo afetará o Brasil e também o mercado local russo, pois eles não têm de quem comprar, no caso dos suínos e bovinos”, afirma Cláudio Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína.

Na avaliação de Molinari, o embargo foi uma forma de a Rússia pressionar o Brasil a diminuir o preço de seu produto, que este ano foi reajustado em 30% em virtude do aumento da demanda mundial e da diminuição da oferta.

Antônio Camardelli, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), diz que as empresas já estão sendo prejudicadas, pois tiveram de rever os mercados, comercializando com países que podem pagar menos pela carne brasileira.

Segundo o governo, o grupo tratará de temas como a taxação para importação do açúcar brasileiro e de produtos como café, tabaco, óleo de soja e cachaça.

Espera-se ainda uma posição sobre os requisitos fitossanitários exigidos pelo Brasil para a importação de trigo.

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