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Alcoolduto passará pelo Grande ABC

Um grupo formado por 88 usinas de cana-de-açúcar vai investir aproximadamente R$ 3 bilhões na construção de alcoolduto de 570 quilômetros no Estado de São Paulo. O objetivo é conectar regiões produtoras a centros consumidores – como a região metropolitana de São Paulo – e propiciar melhores condições de infraestrutura para exportação.

Atualmente em fase de aprovação do licenciamento ambiental, o sistema de dutos – que deverá entrar em operação em 2013 -, passará por 46 municípios, entre os quais São Bernardo. Contará ainda com quatro centros coletores nas regiões de Serrana, Botucatu, Anhembi e Santa Bárbara dOeste, dois de distribuição, em Paulínia e na Grande São Paulo – não foi divulgado em qual cidade – e dois portos, um na hidrovia Tietê-Paraná e outro, off-shore (em alto-mar), no Guarujá.

Dentro do projeto também está prevista a integração com outros meios de tranporte. O terminal de Botucatu, por exemplo, permitirá a ligação por rodovia e ferrovia com o norte do Paraná. O de Anhembi, que inclui a instalação de um porto, ajudará a escoar o etanol de parte do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Resultado da parceria entre produtores – entre eles, companhias como a Cosan e Copersucar -, a empresa Uniduto deverá ter capacidade para transportar até 16 bilhões de litros de etanol por ano. A chegada do combustível por dutos para ser exportado pelo porto do Guarujá evitará a utilização de caminhões na descida da Serra do Mar. Além facilitar a venda a outros países, essa estrutura possibilitará a navegação de cabotagem (pela costa brasileira) para fazer o transporte do álcool ao Nordeste e ao Sul do Brasil.

Custos – Segundo o presidente da Uniduto, Sergio Van Klaveren, com a operação, o transporte será mais eficiente, socioambientalmente sustentável e vai gerar redução de custos aos usineiros. A economia potencial relacionada ao escoamento é de 25%, mas isso não reflete no valor final do produto.

Atualmente, cerca de 95% do envio do álcool das usinas aos centros consumidores é feito por rodovias, o que, segundo ele, gera impactos consideráveis em gastos e cria gargalos logísticos, “sem contar os impactos ambientais e sociais”. Com isso, o setor poderá ganhar competitividade.

Avaliação semelhante tem o professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) Adriano Pires. Para ele, falta uma infraestrutura para que o segmento se torne mais competitivo, a fim de atingir o mercado internacional.

Pires acrescenta que só com a união dos produtores seria possível que os usineiros conseguissem viabilizar projeto desse porte e importância para a atividade.

No entanto, essa deverá ser tendência no mercado. A Petrobras já vem, há alguns anos, com projeto para investir em dutos objetivando ligar regiões produtoras ao litoral.

Estoque regulador – Para o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo), José Antônio Gonzalez Garcia, a iniciativa pode beneficiar os postos de combustível. “Pode baratear o frete”, avalia. No entanto, ele considera que seria importante que o governo estabelecesse estoques reguladores para que não houvesse oscilações bruscas de preços, por conta da entressafra. Atualmente, 60% das vendas dos postos são de etanol.

Pires concorda que os estoques reguladores são uma necessidade, mas pondera que ainda há etapas a serem cumpridas, e uma delas é o fortalecimento da logística de escoamento do produto.

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