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Álcool volta a subir nas bombas de SP

As sucessivas altas dos preços do álcool nas usinas desde meados de maio já se refletem nos valores cobrados nas bombas. Em alguns pontos da cidade de São Paulo já alcançava R$ 1,590 o litro na semana passada, com média de R$ 1,349, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). “Os reajustes repassado ao varejo pelas distribuidoras chegam a 10% desde maio”, afirma o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivado de Petróleo do Estado São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouvêa. “Está ficando difícil explicar para os clientes a razão das constantes mudanças nos preços do álcool”.

A aflição do representante dos donos de postos de gasolina paulistanos reflete a extrema turbulência com que se realiza a comercialização do álcool em plena safra da cana-de-açúcar. Com o mercado internacional de açúcar e de álcool oscilando fortemente, as usinas buscam a cada momento as melhores oportunidades para garantir bons resultados para a atividade, explica o analista da Safras & Mercado, Gil Barabach. A opção tem sido o mercado internacional, que ontem estava pagando pelo álcool anidro US$ 530 o metro cúbico, o que, pela cotação do dólar ontem, representava um preço líquido para as usinas de R$ 1,22 o litro, bem acima do R$ 1,06 oferecido pelas distribuidoras do combustível no mercado interno.

A razão da oferta tentadora é a demanda aquecida no mercado dos Estados Unidos, que está em processo de substituição do MTBE (aditivo considerado nocivo à saúde humana e ao meio ambiente) pelo álcool, cuja produção local, a partir do milho, é insuficiente. É no verão que o consumo de combustíveis cresce nos Estados Unidos, levando as distribuidoras a buscarem o produto e pagando por ele qualquer preço, afirma o analista da Safras & Mercado.

Essa demanda frenética, no entanto, não deverá se manter ao longo de toda a safra de cana brasileira, acredita Barabach. Tanto, que a tendência de alta dos preços do álcool na última semana já começava a arrefecer. A alta menor dos preços do anidro e do hidratado acompanha o mercado do açúcar, cuja tendência das cotações se inverteu neste mês e já caiu 7,3%.

A expectativa é de que as exportações de álcool este ano superassem as do ano passado, quando chegaram a 2,5 bilhões de litros. Algumas apostas davam como certo que chegasse a 3 bilhões de litros, colocando em risco o abastecimento local de álcool hidratado a partir de novembro, quando começa a entressafra da lavoura canavieira.

Barabach não acredita que chegue a tanto. Acha que deverá ficar nos mesmos 2,5 bilhões de litros do ano passado. A razão disso é que os EUA apenas estão substituindo a demanda por álcool, que no ano passado era puchada pelos países asiáticos, especialmente a Índia e neste ano se retirou do mercado. Isso, para ele, não significa que o abastecimento interno esteja garantido na entressafra, adverte.

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