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Álcool recupera preços depois da previsão de supersafra

O Procon de Ribeirão Preto – SP – divulgou aumento médio de preço do álcool em torno de 13,98% na bomba, depois de pesquisar 30 postos de combustíveis da cidade no mês de setembro até o início de outubro. Os aumentos, de fato, ocorreram e não páram por aí. É a reação do setor sucroalcooleiro que recupera preços depois que as previsões iniciais de supersafra e, conseqüentemente, de excesso de álcool no mercado, não se confirmaram por uma única razão: a falta de chuvas, que prejudicou a lavoura. A colheita estimada de 272 milhões de toneladas para o Centro-Sul na safra 2002/03 – 28 milhões a mais que no ano passado – deve se situar em torno de 267 milhões de toneladas.

Segundo Maurílio Biagi Filho, conselheiro da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo – UNICA- e vice-presidente da Associação Comercial e Industrial – ACI -, de Ribeirão Preto, o produtor conseguiu estabilizar o preço do álcool no mercado nos últimos dois anos, depois que ações governamentais e privadas para recuperação de preço tiveram certo êxito em 2000 e o combustível encerrou o ano negociado pela usina a R$ 0,6811/litro do anidro e R$ 0,5634/litro do hidratado.

A estabilidade se manteve até o mês de maio último, quando a expectativa de supersafra e conseqüente excesso de álcool no mercado empurraram o preço para baixo. “Atingimos o menor preço na última semana de julho, quando o litro foi vendido a R$ 0,32 na média”, afirma. A partir de então, de acordo com Biagi, as novas previsões da atual safra, refeitas após colheita de 50% da cana, tranqüilizaram o mercado e os preços, naturalmente, iniciaram a recuperação.

Levantamento da ESALQ/BM&F confirma a tendência, detectada pelo Procon na outra ponta da cadeia, ou seja, no consumo. Segundo o levantamento, na semana entre 07 e 11 de outubro o preço médio do álcool hidratado atingiu R$ 0,547/litro para o produtor. Na mesma semana a Agência Nacional de Petróleo, ANP, constatou que, em Ribeirão Preto, os distribuidores e revendedores reajustaram o preço do hidratado. A evolução média de preços por litro foi a seguinte: R$ 0,547 (usina) – R$ 0,680 (distribuidores) – R$ 0,860 (preço na bomba).

Passadas duas semanas, as usinas negociam, na média, o litro do álcool anidro a R$ 0,650. O hidratado para o Estado de São Paulo é vendido a R$ 0,867/litro para distribuidoras vinculadas ao Sindicato dos Distribuidores de Combustíveis – Sindicom. Para outras distribuidoras, o hidratado é vendido a R$ 0,753/litro – preço de venda para fora do Estado. Considerando que historicamente o repasse do distribuidor situa-se na faixa de 15% e o aumento do revendedor fica um pouco abaixo deste patamar, entre 10% e 12%, o preço final do álcool hidratado deve chegar a 60% do preço da gasolina nos próximos dias, quando no início do mês era em torno de 43%.

“Precisamos ter em mente que o preço do álcool praticado nos valores vistos nos últimos anos é ruim para a cadeia produtiva e para a sociedade. O valor energético do álcool deve se situar em torno de 70%, 80% do preço da gasolina”, analisa. A recuperação de preços irriga toda a cadeia produtiva, produz riqueza para o país, distribui renda porque favorece a enorme gama de trabalhadores do setor. Mesmo seguindo as regras do livre mercado, quando os preços oscilam para cima ou para baixo, o álcool tem demonstrado grande estabilidade nos preços, o que não ocorre com a gasolina.

“Todo mundo sabe que o Governo Federal, por exemplo, determinou que a Petrobras segure o preço da gasolina, e não repasse para o consumidor a alta referente à desvalorização cambial e ao aumento do preço do petróleo no mercado internacional”, analisa Biagi. Agora é esperar para ver o que acontece com o preço dos derivados do petróleo depois das eleições.

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