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Álcool perde disputa em 19 Estados

A vantagem do álcool em relação à gasolina poderá desaparecer em pelo menos 19 Estados nas próximas semanas, segundo projeção do diretor da JOB Economia e Planejamento, Júlio Borges. Os últimos dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que apontam desvantagem em oito Estados, ainda não refletem a totalidade dos recentes aumentos dos preços. Na medida em que o preço na bomba incorpore o aumento da usina, o álcool se tornará inviável na maioria dos Estados, afirmou Borges. Entre 15 de dezembro e 5 de janeiro, o preço do álcool subiu 13,04% nas usinas, de acordo com o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Cepea/Esalq.

Segundo pesquisa da ANP, o álcool custa mais que 70% do preço da gasolina nos Estados do Amapá, Amazonas, Pará, Piauí, de Minas Gerias, Rondônia, Roraima e Sergipe. Essa proporção vai de 64% a 69% no Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Rio, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Tocantins, na Paraíba, Bahia e em Santa Catarina. Esses Estados são fortíssimos candidatos a terem o álcool inviabilizado nas próximas semanas, diz Borges. A desvantagem deve persistir até o início da próxima safra, em abril. O diretor da Datagro, Plínio Nastari, ressalta que existe um prazo de 20 a 30 dias para que os preços das usinas cheguem aos postos. Para ele, a elevação dos preços do álcool no início da entressafra ocorrerá enquanto faltar um estoque regulador. Há uma lei que determina ao governo regular os estoques, que não é cumprida. A participação dos bicombustíveis nas vendas de automóveis fechou 2006 em cerca de 82%, conforme a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Desde que a tecnologia foi introduzida, há quatro anos, já foram vendidas 2,6 milhões de carros bicombustível.

A relação do preço do álcool com o da gasolina subiu para 56,32% na primeira quadrissemana de janeiro, conforme divulgou ontem a Fipe. É a segunda elevação consecutiva dessa relação, que estava em 49,85% na terceira quadrissemana de dezembro e passou para 52,48% no fim desse mês. É o maior porcentual desde maio de 2006, quando era de 58,45%.

Vale ressaltar que a Fipe divulgou apenas os dados mensais, não os quadrissemanais, de 2003 a 2006. Nesse período, o preço do álcool se aproximou mais do da gasolina em março de 2006, quando chegou a 71,48%. A menor relação, ainda nesse intervalo de tempo, foi verificada em março de 2004, quando o preço do álcool equivalia a 39,13% do da gasolina.

O pesquisador da Fipe, Juarez Rizzieri, lembrou que a referência que se tem é que, economicamente, vale a pena abastecer o carro com o álcool até que ele atinja 70% do preço da gasolina. A referência de 70% existe em função de um dado técnico ligado ao desempenho dos dois combustíveis, explicou.

Especificamente em relação à primeira quadrissemana de janeiro, o preço do álcool subiu 4,52%, em média, na capital paulista, representando um impacto de 0,02 ponto porcentual no IPC-Fipe do período, que ficou em 1,07%.

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