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Álcool perde a competitividade em todo o País.

Varejistas afirmam que, com impostos, combustível verde perdeu vantagem em relação à gasolina. Atualmente, o álcool já não é mais vantajoso para o consumidor em nenhum canto do Brasil. Com os últimos reajustes no preço do combustível renovável, a gasolina causa menos estragos no bolso do consumidor que o álcool. A afirmação é do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Gouveia.

A constatação vem do fato do preço que os revendores têm que pagar no produto vendido pelas distrubuídoras. Em São Paulo, por exemplo, quem arca com todos os impostos, estaria comprando álcool por R$ 1,78 e revendendo a R$ 2. Com a gasolina revendida na média de R$ 2,55, já não seria mais interessante o combustível verde.

“Álcool, para o varejista, abaixo de R$ 1,78 não existe. Ou é roubado ou comprado diretamente da usina, o que é probido por lei. Também pode ser álcool molhado (com adição de água acima do permitido por lei, que seria em torno de 8%”, afirma o presidente do Sincopetro, que representa no Estado 8.700 postos de combustíveis.

Os dados do sindicato não batem com os da ANP (Agência Nacional de Petróleo). No site da agência, constatava-se que o preço médio do álcool no Estado de São Paulo é de R$ 1,52. “Esses preços aí incluem quem é desonesto. Quem trabalha legalmente, não tem condições de oferecer isto ao consumidor”. A ANP foi questionada ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, sobre a acusação. Até o fechamento desta edição, não havia retornado.

O Sincopetro constatou queda de 23% no consumo de álcool nos últimos 15 dias na capital paulista. Nos postos da zona sul da cidade, a queda teria atingido 35%. Na zona leste, onde ocorreriam mais fraudes, a queda foi de 18%.

Queda no berço do álcool

Na região de Ribeirão Preto, maior produtora sucroalcooleira do planeta, o consumo de álcool hidratado caiu entre 15% e 20% nas últimas semanas, devido à alta do preço do combustível – que perdeu totalmente a competitividade frente à gasolina. A informação é deRené Abbad, presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro). Na regional do Sincopetro, que envolve 26 cidades e 280 postos, o preço médio do álcool é de R$ 1,84 por litro, o equivalente a 72,4% do preço da gasolina, que é de R$ 2,54 por litro.

Segundo Abbad, como a gasolina está com um rendimento melhor (devido à redução da adição de álcool de 25% para 20%), o combustível derivado da cana deveria custar 65% do valor da gasolina, para fazer frente ao derivado do petróleo.

“O álcool barato, na minha opinião, acabou. A demanda pelo combustível é global, todos querem o combustível”, diz Abbad. Segundo ele, existe uma situação de concentração das usinas em torno de grandes grupos empresariais, da União da Agroindústria Canavieira Paulista (Unica) e da Copersucar, cujo resultado é uma política de preços única. “A política de preços não é isolada. Quando uma usina sobe o preço, todas sobem”, afirma.

Vale lembrar que o município de Ribeirão Preto é cercado por dezenas de destilarias e abastecido por uma base de distribuição da Petrobras. Por um regime especial do Ministério da Fazenda, na região, o álcool hidratado pode ir direto da usina para o posto, o que evita o “passeio” do combustível e barateia o frete.

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