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Álcool em carro flex só foi desvantajoso em 2 meses desde 2003

Estudo divulgado hoje pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq) mostra que desde o lançamento dos primeiros veículos flex fuel, em 2003, apenas em março e abril de 2006 não foi vantajoso abastecê-los com álcool hidratado no Estado de São Paulo.

O estudo, da pesquisadora Marta Cristina Marjotta-Maistro e do graduando em engenharia agronômica da Esalq Guilherme Augusto Asai, foi divido em duas partes. A primeira foi uma análise do histórico dos preços médios de álcool e gasolina nos postos a partir do levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), de julho de 2001 a abril de 2006. No período entre 2001 e 2003, antes mesmo da existência dos carros flex fuel, ainda assim o álcool foi vantajoso ante a gasolina.

Numa segunda parte do trabalho, foram feitas avaliações específicas nos modelos Chevrolet Celta 1.0 Flex Power e o Volkswagen Gol Plus 1.0 Total Flex. “Os dois carros foram escolhidos por serem, ao lado do Fiat Palio, os flex fuel mais vendidos em 2005 e o mercado paulista por ser o maior produtor e consumidor de álcool”, explicou Marta Cristina.

Os resultados do estudo do Cepea/Esalq mostraram que na média dos quase cinco anos analisados (de julho de 2001 a abril de 2006), entre março e abril deste ano o álcool custou mais de 70% da gasolina na média do Estado de São Paulo, ou seja, perdeu efetivamente a vantagem. “É bom lembrar que é uma análise dos preços médios e podem ocorrer variações pontuais em alguns locais”, salientou a pesquisadora. Por render menos, para ser vantajoso o álcool tem que custar menos de 70% do preço da gasolina.

Na média dos 12 meses do ano passado, o álcool custou 53,34% do preço da gasolina no mercado paulista. Em janeiro deste ano, a relação foi de 63,26% e, em fevereiro, de 64,76%, mantendo-se a vantagem para o álcool nos modelos que têm ponto de indiferença econômica de combustível próximo de 70%.

No entanto, em março e abril de 2006, os percentuais foram de 72,03% e 69,95%, respectivamente e, nesses casos, a decisão de abastecimento deveria se voltar para a escolha da gasolina. Em março, o preço médio do litro da gasolina paulista custou R$ 2,467 e o do álcool, R$ 1,777; em abril, a gasolina chegou a R$ 2,469 e o álcool, a R$ 1,727.

Segundo a indústria automotiva, o uso de álcool em motores flex fuel compensa quando seu preço está entre 60% e 70% do valor da gasolina. Para o Celta, de acordo com o estudo, os resultados dos pesquisadores do Cepea/Esalq mostram que compensa abastecer com álcool hidratado desde que este combustível custe até 69,87% do preço da gasolina. Para o Gol, o limite é 67,55%.

Esses percentuais são considerados “pontos de indiferença”, ou seja, quando tanto faz abastecer com álcool ou gasolina, e foram obtidos a partir de testes de rendimento médio de cada um dos veículos (percursos urbanos e em estrada). Para o Celta, constatou-se que percorre 15,6 quilômetros com um litro de gasolina e 10,90 quilômetros com um litro de álcool. Para o Gol, esses valores são de 15,10 quilômetros com um litro de gasolina e 10,20 quilômetros com um litro de álcool.

Os pesquisadores avaliaram ainda qual seria o prejuízo do consumidor se ele fizesse a escolha errada, por exemplo, em março e abril deste ano. Em um trajeto de 400 quilômetros, o prejuízo, no caso do Celta, seria R$ 1,95 e R$ 0,07, respectivamente e, no caso do Gol, de R$ 4,34 e R$ 2,32.

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