Álcool deve ficar até R$ 0,12 mais caro em SP, diz sindicato
O valor do etanol cresceu 6% nesta semana, segundo o Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea), contabilizando uma alta de 13% apenas no mês de setembro. De acordo com o Cepea, o valor do álcool combustível na venda das usinas para os postos passou de R$ 0,9971 no dia 3 de setembro para R$ 1,1479 na primeira medição de outubro, elevação esta que deve refletir no preço final do produto imediatamente caso os postos mantenham sua margem.
“O preço do álcool deve subir até R$ 0,12, cerca de 8%, com o aumento (apenas o desta semana)”, afirmou José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro).
De acordo com o sindicato, o aumento no preço não é culpa dos postos. “A gente é repassador de preços, cada posto trabalha com uma margem sobre o combustível”, disse. “(O álcool) É um mercado que o usineiro tem na mão dele”.
Para o diretor-técnico da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), o incremento nos preços foi uma questão puramente de mercado. “A negociação do álcool ocorre de forma diferente ao da gasolina, a cana é um produto em mercado, operando diariamente, é preciso buscar um equilíbrio entre produtor e cliente”.
“Criou-se um mito de que sempre o produtor de cana precisa vender com prejuízo na safra e se recuperar na entressafra”, afirmou Antonio de Padua Rodrigues, que explicou que nos últimos dois anos houve um aumento na demanda na safra e o álcool foi vendido abaixo do preço de custo na safra, e com “superlucro” na entressafra, mas que agora a situação mudou.
De acordo com o diretor, o mercado do etanol seguirá competitivo em relação ao da gasolina. “Existe um preço teto, o álcool não pode deixar de ficar competitivo com a gasolina, como ocorreu na entressafra do ano passado. Enquanto houver demanda e o mercado responder, seguiremos, mas tudo isso tem limite”, afirmou Antonio, que completou reiterando que a relação de preços do álcool com a gasolina segue próxima do que era anteriormente
“A paridade com a gasolina, medida na bomba, era de 55% no ano passado e agora é de 58%. A diferença não é tão grande”, concluiu.
Alternativa
Mesmo os clientes que tenham carro flex e procuram alternativas devem ser afetados pela alta, mas de forma menos contundente: há uma quantia de álcool anidro na gasolina (25%). Com isso, o combustível fóssil também deve ter um incremento em seu preço, porém de forma mais branda – cerca de R$ 0,03 ou R$0,04, segundo o presidente do Sincopetro.
