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Álcool: Declaração afugenta investidor

A declaração do presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, de que o governo pode adotar medidas para restringir a exportação de álcool provocou revolta entre os usineiros – que têm trabalhado para abrir mercado no exterior. “Essa declaração contraria tudo o que o Brasil vem fazendo. O presidente Lula é o maior mascate do álcool. Fala disso em todo lugar do mundo e agora vem o infeliz de um funcionário falar em restringir”, afirmou o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho.

Para o presidente da ANP, a restrição às exportações seria uma forma de garantir o abastecimento interno. Mas, para Carvalho, o governo e o setor privado já estão debatendo outros mecanismos para equilibrar oferta e demanda. “É o samba do crioulo doido. Exatamente no dia em que se abre a discussão de uma proposta de contratos de longo prazo que visa garantir o abastecimento, vem o outro e contradiz tudo.”

A Unica é uma das principais apoiadoras da proposta de contrato para compra de álcool anidro (que é misturado à gasolina), que está desde terça-feira sob consulta pública. Pela proposta, usineiros e distribuidores estabeleceriam um contrato de compra de álcool por volume para os próximos 12 anos. Hoje, os contratos são de curto prazo (mercado spot), com cotação diária de preços.

“O preço será acordado entre as partes. A única exigência é o compromisso com o volume”, diz Carvalho. Na sua opinião, essa garantia de compra permitiria aos produtores planejar a produção e reservar para a exportação apenas o excedente. Já os distribuidores consideram a medida um retrocesso e afirmam que ela elimina o poder de barganha que têm em relação aos preços.

Incertezas quanto à capacidade do Brasil de produzir álcool em volume suficiente para abastecer o mercado internacional é um dos principais entraves à exportação. “Estou indo para o Japão e o distribuidor de petróleo japonês, que compra a mistura de álcool, terá mais um argumento, com essa declaração, de que o Brasil não é confiável”, lamenta Carvalho. Segundo ele, nos próximos 4 ou 5 anos o setor vai receber US$ 10 bilhões em investimentos. “Esse tipo de declaração gera incertezas e afugenta o investidor.”

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