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Álcool começa 2007 com aumentos em usinas e postos

Em plena entressafra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, o preço do álcool encerrou 2006 e iniciou 2007 com aumentos nas usinas e nos postos de combustíveis. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), o preço médio do litro do hidratado, utilizado em veículos a álcool e flex fuel, aumentou 4,59% na última semana nas usinas paulistas e encerrou o ano passado a R$ 0,84299, ante R$ 0,80596 da semana anterior. Em comparação com a última semana de novembro, quando o preço médio era de R$ 0,74659 o litro, a alta foi de 12,91% nas unidades produtoras, segundo o Cepea/USP.

Nos postos, o preço do álcool hidratado aumentou, em média, R$ 0,10 na passagem do ano. No Estado de São Paulo, o litro começou 2007 vendido entre R$ 1,29 e R$ 1,39 na maioria dos revendedores de combustível. Já o preço do álcool anidro, misturado à gasolina na proporção de 23%, encerrou 2006 a R$ 0,86591 o litro em média, altas de 1,35% ante o valor de R$ 0,85434 cobrado na penúltima semana de 2006 e de 1,55% em comparação à última semana de novembro, de acordo com o Cepea/USP.

O diretor da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) Antonio de Padua Rodrigues, considerou natural o aumento do preço do álcool hidratado e apontou três fatores principais para justificá-lo: a demanda em dezembro sobe cerca de 10% ante a média dos outros meses e supera 1,1 bilhão de litros; a produção não existe no Centro-Sul e os estoques totais de álcool, que chegam a 8 bilhões de litros, na safra, caem para 4,5 bilhões no início de janeiro. “Metade desse estoque é para o hidratado, o que também é suficiente para explicar a alta maior do que a do anidro, cuja produção foi feita para uma mistura de 25% à gasolina e hoje é de 23%”, afirmou Rodrigues.

Ainda segundo o diretor da Unica, outro fator que pode ter contribuído com o aumento do hidratado em dezembro é a portaria do governo paulista de exigir, junto com a nota fiscal da venda do combustível, o registro da transação a partir de janeiro. “Isso pode ter feito com que as distribuidoras antecipassem as compras de álcool”, afirmou Rodrigues.

Já o consultor e presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, entende que o aumento maior do preço hidratado durante o mês passado ocorreu também porque as usinas estão com mais estoques de anidro. “A demanda pelo hidratado é muito maior, prova que o jogo mudou completamente com a consolidação do mercado de carros flex fuel”, explicou Carvalho.

Ainda segundo o executivo, até o início do processamento da próxima safra de cana-de-açúcar, previsto para entre abril e maio, o preço do álcool hidratado e a demanda pelo combustível devem seguir em alta e podem atingir o limite de 70% do valor cobrado pela gasolina. A partir desse porcentual, o consumidor que possui carros flex fuel, pode optar por abastecê-lo com o combustível de petróleo.

Rodrigues, da Unica, explica que esse ajuste de preço, caso o litro do álcool hidratado atinja 70% do cobrado pela gasolina, será muito mais rápido neste ano, já que as vendas acumuladas de veículos flex fuel, mais que dobraram em 2006 ante 2005. “Isso faz com que a capacidade de ajuste da demanda quando o preço sobe seja muito maior. Além disso, o preço da gasolina neste ano é o mesmo do cobrado no ano passado”, concluiu Rodrigues.

Apesar da alta entre 2006 e 2007, o preço do álcool nas usinas ao final do ano passado ainda foi bem menor do que o praticado em igual período de 2005, quando o País vivia o início de uma crise de abastecimento e de uma disparada nos preços, que persistiu até março do ano passado. À época, o preço do hidratado nas usinas paulistas era em média de R$ 1,00732 o litro e o do anidro chegava R$ 1,09404.

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