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Álcool cai 11% e afeta plano de entressafra

No dia 13 de fevereiro, antes do carnaval, a usina Pau DAlho, de Ibirarema (SP), iniciou a safra 2009/10, após apenas 45 dias de manutenção em seus equipamentos, tempo que normalmente costuma ser de 100 a 120 dias. A antecipação de quase dois meses, feito histórico no setor, se somou a outros fatos inéditos, como usinas que nem sequer fizeram manutenção e uniram o fim da safra 2008/09 com o início de 2009/10. São cerca de dez unidades industrias que têm em comum necessidade de fazer caixa, mesmo com uma moagem de baixo retorno. A estimativa é de que a cana que está sendo moída esteja com rendimento 40% abaixo da média da safra.

No entanto, não são apenas as usinas ainda em moagem que refletem a dificuldade financeira do setor. A estratégia de reter álcool para vender a preços mais altos na entressafra pelo menos até agora não está funcionando. Isso porque usinas pequenas, médias e também as grandes estão liquidando álcool para levantar recursos e as cotações estão em queda pela segunda semana consecutiva.

Na última semana , o preço do álcool voltou a recuar forte. O preço do litro do hidratado caiu nas usinas de São Paulo do patamar de R$ 0,785 para R$ 0,7279 (-7,25%), segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Até 20 de fevereiro, a queda acumulava 11,3%.

Mário Silveira, analista de gerenciamento de risco da FCStone, explica que o maior volume de álcool disponível nesta entressafra, como sempre, está nas mãos de poucos grupos produtores. “E aqueles que assumiram a estratégia de pagar para carregar estoques e tentar comercializar a R$ 1 na entressafra, não estão obtendo muito êxito. O produto atingiu esse pico, mas por pouco tempo. Agora, ninguém quer ser o último a vender”, conta.

Silveira é reticente em afirmar que essa estratégia já falhou neste ano. A demanda pós-carnaval e a data de início da próxima safra (que dependerá muito do clima), vão ditar o comportamento dos preços daqui em diante.

Além do hidratado, o álcool anidro também recuou. A queda foi de 4,52% na última semana com o preço do litro em R$ 0,8275 na usina. Evelise Rasera Bragato, pesquisadora Cepea, confirma que a retração se deveu a uma maior oferta do produto pelas usinas. “Mesmo com maior interesse do mercado comprador, que se aqueceu com o período de carnaval, o preço caiu. Isso porque as indústrias ofertaram muito produto por necessidade de caixa. Esse comportamento foi observado por grupos sucroalcooleiros de todos os portes”, acrescenta a pesquisadora.

O queda atípica dos preços na entressafra também é resultado da expectativa de que haverá a antecipação da safra para março, na avaliação de Júlio Maria Borges, JOB Consultoria. “Isso está causando uma guerra comercial entre usinas e distribuidoras”, diz Borges.

Para José Carlos Toledo, presidente da União dos Produtores de Bioenergia, entidade que representa as usinas do Oeste paulista, a escassez de capital de giro deve, sim, encurtar o período de entressafra. Ele estima que essa redução seja dos atuais 120 dias para algo entre 90 e 100 dias.

Mas, a antecipação da moagem para março só vai ocorrer se o clima permitir. Paulo Etchichury, da Somar Meteorologia, informa que as chuvas em março para a região de Ribeirão Preto (SP) serão intercaladas com 4 a 5 dias de tempo seco e devem acumular 120 mm, abaixo da média para o mês que varia entre 150 mm e 170 mm. “A partir de abril as chuvas reduzem-se gradualmente mas o clima não será totalmente seco”, avisa Etchichury.

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