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Álcool ainda é vantajoso na região

O preço do álcool combustível não pára de subir. Mesmo assim, ainda compensa aos proprietários de carros flex do Grande ABC abastecer com o combustível derivado da cana-de-açúcar. Isso porque o litro do álcool custa em média R$ 1,51, enquanto o valor médio da gasolina é de R$ 2,33 na região. Com isso, o preço do combustível agrícola representa 64,81% do derivado de petróleo, enquanto o limite é de 70% – os flex precisam de 30% menos de gasolina se comparado com o consumo do álcool.

Os preços médios dos combustíveis fazem parte de levantamento realizado pelo Diário na última sexta-feira. Foram consultados 10% dos 390 postos de combustíveis do Grande ABC (15 em Santo André, nove em São Bernardo, sete em Diadema, cinco em São Caetano e três em Mauá – os consultados representam 10% do total de estabelecimentos de cada cidade).

Mas a vantagem do álcool começa a ser ameaçada se os preços continuarem em escala crescente, alerta o Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Grande ABC). Somente nos últimos 90 dias, o litro do álcool já sofreu reajuste de 30%, conforme o sindicato. Para o diretor da entidade, Roberto Baptistela, esse percentual de 64,81% tende a subir no decorrer desta semana. “Esta semana o varejo continuará recebendo álcool com preço mais alto. Além disso, outro fator que influenciará a alta será a exigência da utilização do corante no álcool anidro, utilizado na gasolina, que reduzirá a adulteração do álcool combustível.”

Pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo), com base em levantamento de preços realizado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), apurou que abastecer com álcool na semana passada já não era mais vantajoso em 15 Estados brasileiros, dentre eles Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre (RS), por exemplo, o álcool custou na semana passada R$ 2,13 em média – 81,29% do preço da gasolina.

Ainda segundo a pesquisa, São Paulo estava entre as 11 unidades da federação nas quais ainda compensa a utilização do combustível agrícola. Na capital, o álcool está mais competitivo do que no Grande ABC. Custou na semana passada, R$ 1,44 em média – 61,01% do valor da gasolina.

Motivos – A alta no preço do álcool, de acordo a Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), se deve ao final da safra da cana-de-açúcar. “A safra se inicia em maio e, como ocorre em todos os anos, o preço sobe nos meses que a antecedem. As pessoas precisam entender que se trata de um produto agrícola e que, portanto, está sujeito a efeitos sazonais”, explica o diretor-técnico da entidade, Antonio de Pádua Rodrigues.

Além disso, Rodrigues destaca que o aumento da demanda, devido ao grande número de carros flex no mercado, também traz efeito nos preços. Dados da Anfavea apontam que os veículos tipo flex representaram 52% dos carros vendidos no ano passado, ante 22% em 2004.

No final da semana passada, o diretor regional do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo) em Ribeirão Preto, Renê Abbad, relatou que faltaria álcool em março. Segundo ele, isso aconteceria porque, pela primeira vez nos últimos anos, os carros flex aumentaram muito a demanda por álcool no país.

O governo, entretanto, amenizou a situação e garantiu que não existe nenhum risco de desabastecimento. Além disso, também busca negociação com os produtores para conter a elevação. Em reunião que acontece amanhã com os usineiros, o governo informou que manterá a proposta de reduzir de R$ 1,09 para R$ 1,00 o preço do litro do álcool anidro (utilizado na gasolina) nas usinas, no período de entressafra. Com isso, cairia o preço do combustível derivado do petróleo e a pressão sobre o álcool seria reduzida.

O diretor do Regran, Roberto Baptistella, que também é proprietário de três postos de combustível no Grande ABC, explicou que o próprio consumidor regulará os preços. “Está tudo nas mãos do consumidor. Se optar pela gasolina, os preços cairão.”

Vendas – De acordo com Fernando Rolim, da Rolim Consul – especializada no mercado automotivo –, não existe possibilidades de o aumento excessivo influenciar nas vendas de carros flex. “A vantagem do flex é oferecer opção. Se o álcool sobe, o consumidor muda de combustível. A procura por bicombustíveis, como gás e gasolina, por exemplo, é uma tendência mundial.”

Corante deve reduzir adulteração

A adição de corante ao álcool anidro inibirá a venda de “álcool molhado”, de acordo com o Regran. A norma da ANP (Agência Nacional do Petróleo), que virou obrigatoriedade na última sexta-feira, exige que produtores e importadores utilizem corante laranja no álcool anidro, utilizado na composição da gasolina. O álcool hidratado, usado como combustível, não pode receber o corante e ficará, portanto, incolor.

A medida visa combater a adulteração, já que alguns postos misturam álcool anidro, que é mais barato, com água e vendem como combustível. “Isso certamente inibirá a prática ilegal e aumentará a competitividade das empresas que atuam dentro da lei. O consumidor também se beneficiará porque é grande o número de carros que vai para a oficina devido aos combustíveis ruins”, destaca Dietmar Schupp, diretor de tributação do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes).

Todos os postos têm duas semanas para vender apenas álcool incolor. Se passado o prazo o consumidor for abastecer, e perceber que o combustível está colorido, deve ligar para o telefone 0800-900-267.

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