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Alagoanos viram reis da cana em Minas Gerais

A história da cana-de-açúcar em Minas Gerais é dividida em duas grandes e distintas fases. Antes e depois dos alagoanos. Na fase anterior, a média histórica de produção era de 8,5 milhões de toneladas anuais, um volume insignificante para o tamanho do Estado – a segunda maior economia do País. Depois a atividade mudou de perfil e cresceu para 18, 5 milhões na safra 2003/04. Desse total, 10,1 milhões de toneladas da matéria-prima foram industrializadas em filiais de usinas alagoanas.

A saga dos usineiros alagoanos em Minas Gerais começou, pra valer, na década passada. Os principais grupos do setor sucroalcooleiro de Alagoas compraram ou montaram, nos últimos anos seis novas unidades. Outras duas estão em fase de montagem.

O superintendente do Sindicato da Indústria do Álcool de Minas Gerais (Siamig), Luciano Rogério, lembra que o primeiro a chegar foi João Lyra, no começo dos anos 80. O empresário que opera hoje com três unidades em Alagoas (Laginha, Uruba e Guaxuma) comprou, na época, a Trialcool, no município de Canapólis, uma pequena unidade, que depois de ampliada e reformada esmaga, hoje, em média 1,3 milhões de toneladas.

Mas durante uma década a incursão alagoana pelos canaviais mineiros permaneceu adormecida, para retornar com carga total no começo dos anos 90. O grupo Tércio Wanderley, (proprietário da maior usina de Alagoas, a Coruripe), liderado pelo empresário Vitor Júnior, comprou a Iturama, uma pequena unidade que encerrou a última safra moendo 2,6 milhões de toneladas. A outra unidade do grupo em MG, a Campo Florido, no município com o mesmo nome, está na fase inicial de produção, mas já esmagou 1,4 milhão de toneladas.

Primeiros

Das usinas alagoanas em operação em MG, o último grupo a chegar foi o Carlos Lyra. Mas, pelo menos nesse caso, os últimos são os primeiros. As duas filiais mineiras da usina Caeté – a Volta Grande, no município de Conceição de Alagoas e a Delta, no município de igual nome – encerram a safra 03/04 moendo cerca de 4,9 milhões de toneladas de cana.

O grupo João Lyra também inaugurou, no final da safra 2003/04, a Volta do Parnaíba, considerada a mais moderna indústria do setor no Brasil. A primeira moagem – de cerca de 300 mil toneladas – foi considerada apenas um teste. A indústria só deve operar plenamente a partir da safra 2004/05 e tem capacidade para moer entre 2 milhões e 2 ,5 milhões de toneladas de álcool .

Outro grupo alagoano, o da Usina Triunfo, liderado por João Tenório, já começou a operar em Minas Gerais. A decisão foi fundar uma nova usina no município de Santa Juliana, distante 60 km de Uberaba. Os canaviais da nova usina estão sendo plantados. Este ano a estimativa é que o plantio chegue a cinco mil hectares. A nova usina começa a esmagar cana em 2005. É um projeto, inicialmente, com investimentos estimados hoje em R$ 37 milhões no campo e R$ 45 milhões na indústria, para produzir uma média de 1,7 milhão de toneladas de cana/safra.

E a saga dos alagoanos em MG não pára. O Grupo Tércio Wanderley já anunciou a construção de uma nova usina no Estado. O Grupo Carlos Lyra também estuda a aquisição de outra unidade.

Graças aos alagoanos, a produção de cana aumentou em mais de 100% nos últimos dez anos, dando um novo perfil ao setor em Minas Gerais. “Os empresários de Alagoas merecem, cada um, uma estátua, nas cidades onde construíram suas usinas”, diz Luciano Rogério.

Ao final deste ano, quando estiver terminando a safra 2004/05 no Centro-Sul, Minas Gerais, que já desbancou Pernambuco na produção de cana, vai “colar” em Alagoas e no Paraná, com uma colheita estimada em 22,5 milhões de toneladas. Até 2007, Minas deve assumir, absoluto, o segundo lugar no setor no País, com 30 milhões de toneladas. Até lá, os empresários alagoanos estarão produzindo fora das fronteiras alagoanas (MG e São Paulo) o equivalente ao que todo setor produz no Estado hoje: entre 23 e 25 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

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