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Agronegócio teme a crise americana

Ao participar em Recife (PE), na última sexta-feira, do 1º Encontro Empresarial Poli-Nutri de Avicultura, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues afirmou que a crise americana poderá afetar o agronegócio brasileiro em dois cenários distintos. “O primeiro já está ocorrendo que é uma retração do crédito rural”, comentou. O especialista enumerou vários fatores que contribuíram para a atual restrição do crédito. Uma delas foi o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) que provocou uma diminuição dos depósitos à vista e isso trouxe uma redução na quantidade de recursos disponíveis para o crédito rural.

Segundo Roberto Rodrigues, as trades (empresas que compram as commodities como açúcar, soja etc) e as grandes moageiras de cereais já diminuíram o financiamento aos produtores rurais, inclusive porque ocorreu uma redução do crédito disponível nas suas matrizes. A crise americana teve o seu ápice nas duas últimas semanas com a quebradeira dos bancos, mas começou, há cerca de um ano, quando começaram os problemas no sistema de financiamento imobiliário.

“A restrição de crédito pode significar uma redução do padrão tecnológico (do plantio), da área plantada e isso é muito ruim para os produtores porque os custos de produção (do agronegócio) subiram muito”, comentou, acrescentando que isso ocorre no momento ideal para o plantio, que é a partir de outubro.

O outro cenário que pode complicar para o agronegócio brasileiro é bem mais drástico. “É uma possibilidade, mas isso não significa que vai acontecer”, pondera Rodrigues. No mundo inteiro, os preços das commodities estão em alta e contribuiu para isso o aumento do poder aquisitivo de uma parte da população dos países emergentes – como o Brasil e China – que passou a se alimentar melhor.

“Os fundamentos para a manutenção dos preços elevados continuam e a demanda global também está maior do que a oferta porque a renda dos países emergentes cresce mais do que a dos países ricos”, argumentou. De acordo com o ex-ministro, o corte de crédito nos Estados Unidos está fazendo as empresas demitirem e a diminuição do consumo lá pode reduzir a importação que os americanos fazem dos países emergentes. “Se isso se aprofundar, vamos ter recessão também nos países emergentes, a renda nesses países vai parar de crescer e os preços das commodities podem cair”, afirmou. Nos últimos dias, o governo americano está fechando um pacote de ajuda aos bancos para que não ocorra uma recessão nos Estados Unidos.

“O que eu recomendo é que os produtores plantem tudo que puderem com a melhor tecnologia possível e operem no limite da sua capacidade para não darem um passo maior do que a perna”, concluiu.

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