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Agronegócio deve se beneficiar com crescimento de malha ferroviária

O diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF), Rodrigo Villaça, declarou nesta quarta-feira (16/04) que o agronegócio deve ser o setor que mais se beneficiará com o crescimento e melhoria da malha ferroviária. Para o executivo, a expectativa é que rapidamente o setor ocupe 25% das ferrovias, devido principalmente à expansão da produção de soja e do biocombustível. Atualmente, o agronegócio é responsável por 18%. As mineradoras e siderúrgicas ocupam a maior parte da malha e representam 62% do transporte ferroviário.

Ele reforça essa visão porque a Associação Nacional dos Usuários de Trasportes de Carga (Anut) enviou uma reclamação para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) contras as concessionárias ferroviárias sobre aumentos feitos nas tarifas. Para Villaça, esse processo atende os interesses do setor agrícola. Ele porém comentou que o preço das tarifas supriu apenas para a reposição da inflação no período de dez anos, desde a privatização das ferrovias brasileira.

O setor tem obtido resultados positivos nos últimos anos. Os investimentos privados promoveram o aumento de 87,6 % na produção ferroviária, entre 1997 e 2007, com o crescimento das cargas gerais no valor de 84,8%. No mesmo período, a movimentação de cargas cresceu 75,8%. Em 2008, a projeção é que o volume transportado cresça 11% e as ferrovias movimentem cerca de 494,2 milhões de toneladas úteis, 49 milhões a mais do que no ano anterior. Apesar dos resultados positivos obtidos nos últimos anos, o diretor acredita que ainda há muito a ser feito. A intenção da ANTF é que o setor passe a crescer 9% neste ano, valor maior do que a média anual de 5,8%. “Precisamos de um plano de crescimento evoluído, onde haja um diálogo franco com o governo”, declarou.

Segundo a ANTF, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal foi muito bem recebido, mas se trata de um programa de governo. Ele acredita que o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), que é mais abrangente do que o PAC e seja o instrumento estatal para planejar o setor. A própria Confederação Nacional dos Transportes (CNT), da qual Villaça faz parte, também elaborou um mapa dos investimentos necessários.

O investimento público deve gerar dois mil quilômetros de malha ferroviária, fazendo o setor chegar próximo à quantia de 31 mil quilômetros. Para Rodrigo Villaça, apesar do expressivo volume de investimento, não está prevista no programa uma série de gargalos físicos e operacionais, o que prejudica seriamente o desempenho do transporte ferroviário de cargas no país. Já o presidente do Conselho da ANTF, Julio Fontana, lamenta que algumas obras não sejam concluídas porque pertencem a projetos políticos e são interrompidas conforme as trocas de gestão.

O diretor também destacou a importância do investimento realizado pelas companhias. A entrada do capital privado nas ferrovias promoveu um aumento significativo na produção. Entre 1997 e 2007, as empresas concessionárias aplicaram um total de R$ 14,4 bilhões no setor. Neste ano, a quantia prevista é de mais de R$2,585 bilhões. Os investimentos são aplicados na introdução de novas tecnologias, na capacitação pessoal, em campanhas educativas de segurança, em melhorias na via permanente e na aquisição e recuperação de material rodante. A entrada do capital privado também possibilitou a melhoria no quesito segurança. Em 2007, o indicador de acidentes por milhão de trens quilômetros caiu para 14,4, uma redução de 80,9% em relação ao registrado em 1997.

Como outro ponto positivo do que vem sendo feito, Vilaça ressaltou a capacitação de trabalhadores para atuar no setor. “Há escolas internas e academias que são de extrema importância para qualificação dos funcionários”, declarou. Atualmente, o setor emprega mais de 31 mil funcionários diretos e indiretos.

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