Agronegócio desaquece no Brasil, mas superávit deve chegar a US$ 38 bi em 2005
O agronegócio deve fechar 2005 com superávit de US$ 38 bilhões, ou resultado 11,3% superior a 2004. O País deverá exportar US$ 43 bilhões e importar outros US$ 5 bilhões até o fim do ano. A previsão da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apesar de causar boa impressão, indica desaquecimento do setor no Brasil.
Em 2004, o superávit foi 32% superior a 2003, chegando a US$ 28,8 bilhões. O responsável pela desaceleração também surpreende. O seguimento da soja responde pela queda no superávit brasileiro.
Nos oito primeiros meses deste ano, o complexo soja (grão, farelo e semente) exportou US$ 6,5 bilhões, 13,6% a menos que os US$ 7,6 bilhões exportados entre janeiro e agosto do ano passado. A grande oferta do produto no mercado internacional derrubou os preços do setor.
Supersafra norte-americana.
A queda dos preços da commodity se deveu à supersafra norte-americana. Os Estados Unidos colheram 85,5 milhões de toneladas de soja, contra 66,8 milhões de toneladas na colheita anterior. Em função disso, a tonelada da soja brasileira foi vendida este ano a US$ 236, 18% menos que os US$ 287,9 por tonelada negociados em 2004.
A próxima colheita americana não deve repetir esse desempenho, mas nem isso anima o chefe do Departamento de Assuntos Internacionais e de Comércio Exterior da CNA, Antônio Donizeti Beraldo, que acredita na manutenção da oferta mundial do produto, o que manteria baixo os preços da soja.
A perda de fôlego do agronegócio já diminui a participação do setor na pauta de exportação. O saldo comercial (exportações menos importações) do agronegócio foi de US$ 25,3 bilhões nos oito primeiros meses deste ano, representando 37,7% do total das exportações brasileiras. Durante o mesmo período de 2004, o saldo representou 42,4% do total das exportações nacionais. “O agronegócio perdeu espaço”, diz Beraldo.
Para CNA, o saldo comercial no próximo ano deverá repetir os números de 2005, com estagnação do superávit em aproximadamente US$ 38 bilhões.
Outros seguimentos
Apesar de ainda liderar o ranking de exportações, a retração da soja abre caminho para outros seguimentos, como os de carne, açúcar e álcool. Nos primeiros oito meses deste ano, o seguimento de carne já exportou US$ 5,3 bilhões, 34,5% a mais que em igual período do ano passado.
O segmento de açúcar e álcool exportou, em igual período, 59% a mais que em 2004, chegando a US$ 3,1 bilhões. As exportações de café engordaram 57,4%, ou US$ 1,9 bilhão entre janeiro e agosto. Segundo Beraldo, esses setores devem repetir o bom desempenho em exportações em 2006 devido à recuperação de preços e aumento da demanda mundial.
