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Agronegócio cobra aportes em logística para evitar apagão

As vésperas do planejamento para a próxima safra e no pico logístico da atual, representantes do agronegócio e do setor logístico acreditam que o Brasil ganhou um tempo extra para melhorar sua capacidade de transporte. De olho nisso, o governo federal quer elevar para 1% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 29 bilhões, os recursos destinados a projetos de logística e infraestrutura em 2009. O montante representa o dobro do volume financeiro disponibilizado ao setor no último ano. A afirmação foi feita por Marcelo Perrupato, secretário de Política Nacional de Transporte, do Ministério dos Transportes.

Segundo Perrupato, o País foi salvo pela recessão provocada pela crise financeira mundial de um “apagão logístico” e que deve aproveitar o momento de “respiro” para implementar projetos de infraestrutura no menor prazo possível para não perder espaço frente a outros países, como China e Índia, que já destinam cerca de 3% para melhorar seu aparato logístico, e se nivelar a outros países com dimensões continentais. “Temos pouco tempo para nos salvar do apagão logístico até sair da crise”, afirmou. O membro do governo alertou ainda para a recuperação do principal concorrente do País no setor agrícola, os Estados Unidos, que deve acontecer em 2011. “O gigante está dormindo, mas quando acordar virá com fome. Enquanto isso o Brasil não pode dormir em berço esplêndido”, destacou.

Segundo Perrupato, os investimentos estão em ritmo acelerado, ainda que as obras demorem a serem finalizadas. O investimento previsto inicialmente no Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT) do Agronegócio, da ordem de R$ 172 bilhões, já atinge R$ 290 bilhões. Além disso, dentro de 45 dias deverá ser lançado um edital para as obras do Planto Estratégico Hidroviário e novas licitações para a expansão de 10 mil km da malha ferroviária, na integração Leste-Oeste. “O plano é viável, se não for realizado não será por falta de dinheiro, mas por falta de gestão”, disse.

No projeto do governo, quatro trechos de hidrovias são considerados prioritários: Teles-Pires-Tapajós, Araguaia-Tocantins, Rio Parnaíba e Tietê-Paraná. O PNLT prevê uma redução do modal rodoviário de 58% para 28% em contraponto ao aumento da participação do modal ferroviário de 25% para 35% e do hidroviário de 16% para 29%, além de mais aportes em dutos para o transporte de etanol. O objetivo é construir 10 mil km de malha ferroviária em todo o País até 2023.

Renato Saleme, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Vale, destacou a participação da companhia no Projeto Ferrovia Norte-Sul. “Ao longo dos próximos cinco anos o projeto receberá investimentos da ordem de US$ 790 milhões, gerando 50 mil novos empregos”. Estão em fase de construção 361 km. Ainda este ano deverá ser entregue o trecho de Guaraí até Palmas.

No Noroeste de Minas Gerais, a localização privilegiada e o potencial agrícola irão garantir investimentos da ordem de US$ 300 milhões, entre a Vale/FCA e parceiros, em um novo corredor logístico integrado de exportação, com o objetivo de desenvolver a fronteira agrícola.

As empresas do setor perdem aportes em caráter emergencial. Um cenário desenhado pela Hamburg Süd para 2012, mostra que seria necessária uma capacidade adicional de 5,4 milhões de metros quadrados para os portos mais críticos. Isso porque, a balança comercial do agronegócio cresceu 142%, enquanto a retroárea aumentou 49%, o que criou um cenário de longas esperas para atracação dos navios, baixa produtividade de carga e descarga e utilização parcial da capacidade dos navios. “A espera desses navios oneram o cliente. Em 2008, os navios esperaram 20.697 horas no Brasil e houve 240 escalas canceladas, o que equivale a 10% do total”, disse Julian Roger C. Thomas, diretor superintendente da Aliança Navegação e Logística – Hamburg Süd, empresa que detém 20% do market share do mercado brasileiro para o mundo. O executivo estima que o Brasil perdeu cerca de US$ 300 milhões em 2008 devido a deficiência logística nacional. Só a Hamburg Süd teve em 2008 um custo adicional de US$ 62 milhões. Antônio Carlos Rodrigues Branco, diretor de Portos e Serviços da Bunge Alimentos, disse que a saída para os gargalos seria a implantação de 70 projetos capazes de reduzir em US$ 20,5 bilhões o custo logístico brasileiro ao ano.

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