Com 8 mil cooperados produzindo em 1,3 milhão hectares espalhados pelos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) tem estrutura de grande porte. Possui fábrica de reações, confinamento de gado e unidade de grãos, entre outros ativos.
Mas os negócios estão em baixa no setor sucroenergético, principal foco dos negócios da cooperativa. Ao longo da safra de cana-de-açúcar 2017/18, o valor do quilo de Açúcares Totais Renováveis (ATR) foi de R$ 0,64 no começo do ciclo, em maio, para R$ 0,54 no fim de agosto. Significa uma queda de 15,1%.
Essa redução reflete diretamente no preço da tonelada de cana recebida pelos produtores da Coplacana. Apenas a associação ligada a cooperativa, representante da cana de 4,2 mil fornecedores de 33 municípios no entorno de Piracicaba (SP), deverá encerrar a safra 17/18 com a entrega de 10 milhões de toneladas da matéria-prima do etanol.
Em entrevista ao JornalCana, o presidente da Coplacana, Arnaldo Antonio Bortoletto, comenta sobre a atuação da cooperativa na safra 17/18 e faz projeções sobre a temporada 18/19.
Como está a produtividade da cana dos fornecedores da Coplacana?
Arnaldo Antonio Bortoletto – Em termos de produtividade, deveremos repetir os resultados da safra 16/17. Tivemos clima bom e a safra transcorreu bem. O problema maior é o preço da cana, que realmente caiu muito. Essa queda não foi em função da produtividade, que melhorou, mas devido, por exemplo, ao preço do açúcar, que despencou no mercado internacional. Estávamos em 2016 com o quilo da ATR em R$ 0,68 e na atual temporada [até a primeira quinzena de outubro, quando foi realizada essa entrevista] estamos a R$ 0,57.
Em termos de toneladas de cana por hectare (tch), o resultado está baixo?
Arnaldo Antonio Bortoletto – Sim. nesta safra estamos entre 72 e 75 tch. É baixo. Temos de levar a cana em até quatro cortes para acima de 100 tch.
Essa situação certamente afeta os investimentos do cooperado da Coplacana
Arnaldo Antonio Bortoletto – Sim. Já temos dificuldade na transferência de tecnologias focadas no setor sucroenergético para o produtor de cana. São várias mudanças juntas, e não apenas uma. Tivemos o processo de mecanização, saímos da colheita manual para a feita por máquinas. Depois veio o plantio mecanizado, que também requer investimentos. E, aliado a isso, para obter produtividade maior vem a agricultura de precisão, direcionada em realizar o preparo de solo e o plantio em linhas, para evitar o pisoteio. Isso tudo são ganhos, mas hoje a tecnologia é cara e o acesso a ela pelo produtor não é fácil.
Durante sua participação em painel da EsalqShow, em 11/10, o sr. afirmou que as tecnologias apontadas pelos palestrantes são prioritárias, mas que não chegam até o pequeno produtor de cana. Qual a saída para obter investimentos no curto prazo?
Arnaldo Antonio Bortoletto – Em primeiro lugar, as cooperativas, caso da Coplacana, devem fazer o treinamento de seu corpo técnico para que esse pessoal vá até o produtor para treinar e capacitar os operadores de máquinas. A meta é fazer com que a tecnologia chegue mais rápido.
Como está o ritmo desse trabalho?
Arnaldo Antonio Bortoletto – É um caminho de tartaruga. Começamos com 20 produtores, que irão repicar para mais 20, e assim irá sucessivamente. Cada técnico precisa formar seu grupo de assistência e fazer o trabalho de fomento, de transferência de tecnologia.
Quais as previsões de participação dos produtores da Coplacana na safra 2018/19?
Arnaldo Antonio Bortoletto – Devido à estiagem em 2017 eu acredito que será prejudicial à brotação da cana, mas não dá para fazer uma previsão neste momento [11/10]. Sabemos que, no caso da cana, os meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro são de alta precipitação e de insolação. É o que a cana mais precisa. Por isso para saber se haverá ou não quebra, só a partir de março poderemos ter uma estimativa correta.
Qual a idade média dos canaviais dos fornecedores ligados a associação de Piracicaba ligada a Coplacana?
Arnaldo Antonio Bortoletto – A idade média é de quase quatro anos. É alto demais. O ideal será 2,5 anos, só que baixo investimento, baixa reforma, a longevidade cresceu.