A técnica da irrigação bem planejada e conduzida, aliada a variedades adequadas para o ambiente, um bom preparo de solo e fertilização, são alguns fatores que fazem uma plantação de cana-de-açúcar ser bem-sucedida. Essa é a fórmula do sucesso da usina Agrovale, localizada ao Norte do estado da Bahia, na divisa com Pernambuco, segundo o engenheiro agrônomo da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba – Asplan, Luís Augusto de Lima.
“A região, que é de seca e de solo atípico para a produção da cana, como é o Vale do São Francisco, foi um grande desafio que só obteve êxito em razão da tecnologia aplicada”, diz.
Segundo o engenheiro, com pluviosidade média anual de 400 mm, a usina possui 100% da área irrigada por três sistemas de irrigação: 10% pivô central, 60% irrigação por sulcos e 30% irrigação por gotejamento, tendo processado na safra 2013/2014 cerca de 1,5 milhão de toneladas de cana. Sua produtividade média gira em torno de 92 toneladas de cana por hectare, superando a média nacional que na safra 2013/2014 que foi de cerca de 75 toneladas por hectare.
Lima foi um dos integrantes da visita técnica realizada no último dia 05 de novembro. Na oportunidade, Luís Augusto participou de um dia de campo na usina, que está localizada na cidade de Juazeiro, BA. Na ocasião o engenheiro visitou duas áreas de produção comercial da usina. “Pela manhã fomos ao chamado projeto Pernambuco, onde estava sendo realizada a operação de sulcamento, adubação de fundação com MAP e implantação da fita gotejadora na área. Vi que o preparo de solo é extremamente rigoroso e passa por várias operações, desde nivelamento da área com motoniveladora, subsolagem com trator de esteiras e várias gradagens, visando a melhor sistematização e nivelamento do terreno. A adubação de fundação visa apenas suprir o fósforo enquanto que os outros nutrientes são colocados via irrigação ao longo do desenvolvimento da cultura”, observa.
Já na parte da tarde, o engenheiro visitou o projeto Salitre, uma área de 1.200 hectares implantados recentemente. “Lá observamos diferentes fases de desenvolvimento da cultura fertirrigada por gotejamento, bem como toda estrutura utilizada, como casas de bombeamento e injeção de fertilizantes e outros aspectos”, diz.
Segundo o engenheiro, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – Codevasf, com uso dos recursos federais, fez o levantamento e mapeamento da área, destacou os melhores solos com aptidão para irrigação, construiu o canal principal do rio até as parcelas e entregou à empresa, através de licitação, viabilizando assim a prática da irrigação na região.
“Assim, hoje, a usina consegue obter a produtividade de 260 toneladas de cana por hectare em área de gotejo fertirrigado. Já na cana soca possui uma média de 120 toneladas por hectare com 10 anos de colheita. A usina pretende chegar a 13 mil hectares só com gotejamento, implantando 3 mil hectares a cada ano”.
Para o engenheiro Luís Augusto de Lima, o modelo de verticalização da produção adotado pela usina deveria ser o espelho para usinas e fornecedores de cana de outras regiões. “É uma alternativa para se manter vivo na atividade sucroalcooleira, evitando oscilações na produção mesmo com condições climáticas adversas. Embora o gotejamento possua um custo de implantação elevado, a longevidade e a produtividade obtida o tornam viável economicamente”, conclui.
Desafios – “A Agrovale possui alguns desafios, que é a mecanização da colheita dos seus canaviais, a implantação de novas áreas de cultivo e a migração do sistema de irrigação por sulcos para gotejamento, na tentativa de verticalizar ainda mais a produção e, com isso, chegar a moer 5.000.000 de toneladas de cana. A usina trabalha com metas e consegue alcançá-los com muito planejamento”, comenta Lima.