Tecnologia Agrícola

Produção de insumos biológicos da Paraíba é destaque; saiba mais

Produção de insumos biológicos da Paraíba é destaque no Programa Globo Rural

Odair Amaral, agricultor do Rio Grande do Sul, percebeu algo estranho em sua plantação de cana-de-açúcar: as plantas estavam aparecendo com furos misteriosos e, pouco tempo depois, começavam a secar. Preocupado, ele registrou o problema em fotos e enviou para a equipe do Globo Rural.

O programa, veiculado pela Rede Globo, no último domingo (20), procurou especialistas para darem uma explicação sobre esse acontecimento e encontraram na Paraíba as respostas, com o professor e agrônomo José Bruno Malaquias, da Universidade Federal da Paraíba, e o biólogo da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Roberto Balbino, que mostrou como os insumos biológicos produzidos na Estação de Camaratuba atacam de forma natural essa praga comum em canaviais.

Identificação e Impacto da Broca da Cana

Roberto Balbino, biólogo da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan)

 “O que está acontecendo na sua lavoura é a infestação por brocas, mais especificamente a Diatraea saccharalis. Essa praga é uma mariposa que deposita seus ovos nas plantas. Quando os ovos eclodem, as pequenas larvas – conhecidas como brocas – começam a se alimentar das folhas e, em seguida, perfuram o caule da cana. Os danos causados são sérios e podem comprometer toda a plantação”, explicou o professor.

Nas plantas mais jovens, segundo Bruno Malaquias, o sintoma mais comum é o chamado “coração morto” – quando a folha central da planta começa a secar lentamente, junto com o restante da estrutura. Esse nome vem do fato de que essa região central funciona como o “coração” da planta, responsável pela distribuição dos nutrientes. Quando danificada, a planta perde sua capacidade de desenvolvimento. Nas plantas mais maduras, complementou ele, a praga ataca o colmo (caule), danificando sua estrutura interna. “Além disso, os furos provocados pelas larvas abrem caminho para a entrada de fungos, que podem comprometer ainda mais a qualidade da cana-de-açúcar. Se não for controlada, a broca se espalha com rapidez e pode destruir grandes áreas de cultivo”, alertou.

Manejo Biológico e a Vespa Cotesia flavipes

“Mas, há um vetor que vem da natureza que pode atacar essa praga”, explica Roberto Balbino que coordena as duas biofábricas mantidas pelo Asplan, na Estação Experimental de Camaratuba. “A forma mais comum e eficaz de controle desta praga é o manejo biológico, usando inimigos naturais da praga. E a principal aliada nesse combate é a vespa Cotesia flavipes. Inofensiva para os humanos, essa vespa é letal para a broca. Ao ser liberada no canavial, a Cotesia coloca seus ovos dentro da larva da broca, que então morre e dá origem a novas vespas, prontas para continuar o controle natural”, detalha Roberto.

Ainda segundo o biólogo, o ataque das vespas é rápido e eficiente. “Em poucos minutos, elas conseguem extrair uma larva de dentro do caule. Os casulos formados pelas vespas emergem em cerca de cinco dias, prontos para serem soltos novamente no campo. A liberação pode ser feita manualmente, e cada vespa tem um raio de ação de cerca de 30 metros”, disse Roberto, lembrando que ao usar a vespa no canavial o produtor já vê resultados em, aproximadamente, 25 dias.

A Paraíba como Referência na Produção de Insumos Biológicos

E a Paraíba dá um bom exemplo na produção de insumos biológicos que combatem pragas em canaviais, sendo referência no Nordeste na produção da Cotesia flavipes (vespas) e também do Metarhizium anisopliae (fungos).

A Estação de Camaratuba que tem duas biofábricas é mantida pela Asplan e os insumos produzidos  são distribuídos gratuitamente para os associados da entidade e vendidos a preços acessíveis para o mercado regional, especialmente, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte.