Agricultura

Seca prolongada deste ano deve impactar a safra 2025/26, alerta presidente da ABAG

Expectativa é de que o ciclo alcance 605 milhões de toneladas. Para 2025 a estimativa é fechar em 575 milhões

Ilustração de conteúdo sobre a Usina Nova Gália
Operação de colheita da matéria-prima do etanol e do açúcar | Foto: Getty Images

Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e diretor da Canaplan, avaliou os resultados da safra 2024/25 na região Centro-Sul e destacou as expectativas para o próximo ciclo em entrevista recente, durante o 7º Seminário UDOP de Inovação.  

Segundo Carvalho, a atual safra enfrentou condições climáticas extremas, com seca prolongada de seis a sete meses, geadas e incêndios, resultando em impactos severos na produtividade.

Produtividade de 77,5 TCH

Apesar dos desafios, a produção deve alcançar cerca de 605 milhões de toneladas de cana, com produtividade média de 77,5 toneladas por hectare.

Embora o número esteja abaixo das 654 milhões de toneladas da safra anterior, Carvalho considera o resultado razoável devido ao bom desempenho do canavial no início do ciclo.

Leia também:

Expectativas para 2025

Carvalho afirma que as condições climáticas adversas afetaram a qualidade do canavial, e a recuperação dependerá de chuvas consistentes durante o verão e nos meses de abril e maio.

“Entraremos em 2025 com um patamar mais baixo. O canavial está homogêneo, mas fraco, e as condições de recuperação são limitadas”, afirmou.

A produção estimada para 2025 gira em torno de 575 milhões de toneladas, inviabilizando uma recuperação aos níveis da safra atual.

Em relação ao mix de produção, há expectativa de um ano mais açucareiro, caso as condições climáticas permitam maior qualidade da cana.

Contudo, com a menor oferta de matéria-prima, a produção total de açúcar ainda deve ser inferior à registrada em 2024/25.

Papel do Brasil no cenário global

Carvalho destacou a relevância do Brasil no cenário global de bioeconomia, segurança alimentar e transição energética, especialmente no setor de biocombustíveis.

Ele ressaltou a importância do etanol como ferramenta essencial na descarbonização, além de reforçar que o protagonismo do Brasil atrai desafios, como barreiras protecionistas internacionais.

“Estamos enfrentando políticas como o Green Deal na Europa, que introduzem taxas sobre produtos brasileiros sob justificativa ambiental, mas com caráter claramente protecionista”, disse Carvalho.

Clique aqui e confira a entrevista na íntegra: