Na última quinta-feira, dia 21 de agosto, a editora da Fundação Gilberto Freyre, o Sindicato do Açúcar e do Álcool em Pernambuco (Sindaçúcar) e a Associação dos Produtores de Bioenergia do Mato Grosso do Sul (Biosul) lançaram, no Museu do Estado, o “Manual Prático da Cana-de-açúcar”, de Ricardo Luiz Pessoa de Queiroz. Esse livro tem como tema principal o tratamento do solo, essencial para o desenvolvimento agrônomo da cultura canavieira. De uma maneira didática, com uma linguagem trivial e de fácil entendimento e leitura para os agrônomos e pequenos produtores, o estudioso do açúcar discorre sobre todas as etapas do cultivo.
Pessoa é um estudioso que dedicou mais de 60 anos de sua vida ao plantio, desenvolvimento de técnicas e estudo da monocultura. “Após sessenta anos cultivando e estudando sobre cana-de-açúcar, dedico este livro aos que começam na atividade, bem como àqueles que, já experientes, puderem achar nele informações que permitam aperfeiçoar seus conhecimentos. Embora seja um livro de caráter eminentemente prático, destinado aos agricultores, não podemos deixar de incluir nele algumas informações sobre os solos e os processos que ocorrem nele, para que possamos entender o porquê dos procedimentos indicados na prática da cultura da cana. E procuramos fazê-lo da forma mais simples possível”, diz o autor.
Segundo ele, o livro surgiu para desmistificar a questão da fertilidade do solo no cultivo da cana-de-açúcar, propondo o desenvolvimento sustentável dele para os produtores.
O historiador Frederico Pernambucano de Mello, um dos autores do prefácio da obra, diz que Pessoa pode teorizar com segurança sobre conhecimentos que adquiriu em uma vida inteira de trabalho. “Sobre o solo, sua preparação, nutrientes e defesa; sobre a água e sua contenção necessária; sobre a insolação desencadeante de vida; sobre variedades de cana-de-açúcar amigas de cada uma das regiões brasileiras; sobre o plantio, manual e mecanizado; sobre a colheita e seu transporte; sobre os diferentes processos industriais adotados aqui e lá fora; sobre as armadilhas da concorrência internacional; sobre os mecanismos, nem sempre perfumados, da formação do preço internacional do produto”, acrescenta Pernambucano de Mello.
A pesquisa que resultou no livro “Manual Prático da Cana-de-açúcar” enaltece o valor das raízes históricas que cercam o produto secularmente. O livro guarda a preocupação de ensinar várias questões práticas, a exemplo da importância do húmus para o bem da produtividade da cana-de-açúcar, e de aprimorar uma cultura que vem dos primórdios de nossa colonização – da primeira metade do século XVI – e que carregou o Brasil nas costas até o advento da lavoura do café, em meados do século XIX.
“Mas a fala do autor é direcionada mesmo ao futuro, no afã patriótico de predispor o Brasil para os novos tempos da economia universal, em que a contribuição do açúcar e do álcool está fadada a voos bem mais elevados. E como todo voo parte do chão, é deste e de seu produto agrícola que se ocupa exemplarmente Ricardo Pessoa de Queiroz, como todo brasileiro inteirado nos desafios dos setores primário e secundário de nossa economia”, finaliza Pernambucano de Mello.
Segundo Eudes de Souza Leão Pinto, presidente das Academias Brasileira e Pernambucana de Ciência Agronômica e Titular da Academia Nacional de Engenharia, todas as matérias do livro foram tratadas com a seriedade científica e as devidas apreciações tecnológicas. “Respeitáveis cientistas estrangeiros foram citados, com absoluto respeito às teses por eles defendidas, condizentes com as verdades científicas. De modo claro e inequívoco, foram aplicados os seus profundos conhecimentos de geologia, antropologia, química de solo, com o seu desdobramento em conteúdos minerais, sob forma de óxidos de potássio, magnésio, cálcio, ferro e alumínio e dióxido de silício, correlacionados com a decomposição química das rochas, sujeitas às influências da temperatura e da matéria orgânica ocorrida. Abordou, também, com toda propriedade, a influência do ar no solo, correlacionando-a com as operações mecânicas de subsolagem e escarificação e levando em consideração os tipos de solo existentes nas áreas em estudo”, afirma.
A obra conta, ainda, com o apoio de diversas instituições como o Fórum Nacional Sucroenergético, o grupo agroalimentar francêsTereos, Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), União da Indústria de Cana-deAçúcar (Unica), Sindicato da Indústria Sucroenergética do Estado do Rio de Janeiro (SISERJ), Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (SIFAEG), UDOP e Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan).