

Segundo o trabalho, a perda de carbono do solo que ocorre em consequência do plantio da cana pode ser recuperada em até três anos. Carlos Cerri, coordenador do projeto, afirma que o balanço de carbono do solo de áreas de pastagem convertidas para o cultivo da cana-de-açúcar não é tão negativo quanto se estimava. “Com o passar dos anos, o solo de uma área de pastagem tem um estoque de carbono cujo volume não varia muito. Mas o preparo desse tipo de solo para cultivo de cana, faz com que parte do carbono estocado seja emitida para a atmosfera na forma de dióxido de carbono (CO2).Entretanto, dependendo do tipo de manejo, a introdução da cana em áreas de pastagem pode compensar ou até mesmo aumentar o estoque de carbono inicial do solo quando a matéria orgânica e os resíduos da planta penetram na terra”, lembra.
O etanol da cana acaba compensando, com o passar dos anos, as emissões de CO2 ocorridas na conversão de áreas de pastagem em plantações canavieiras. “Isso porque o biocombustível contribui para a redução da queima de combustível fóssil”, avalia Cerri.
Em tempos de procura, tanto por gestores públicos, empresários e sociedade, por fontes de energia sustentáveis, os dados apresentados trazem grandes perspectivas para o Brasil. “Essa comprovação é importante pois em mais uma área, cientificamente, o etanol de cana produzido no país se mostrou ser uma fonte limpa. Consequentemente, isso pode representar uma vantagem comercial para quem produz”, analisa o professor Stoécio Maia.
O estudo foi realizado por pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/Usp) em conjunto com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/Usp). O trabalho contou ainda com pesquisadores do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), do Institut de Recherche pour le Développement, na França, e da Harvard University, da Colorado State University e do Shell Technology Centre Houston, nos Estados Unidos.