A busca por alternativas para melhorar a eficiência e a rentabilidade é frequente. O uso de toda a tecnologia existente e também do know-how disponível são indicados neste sentido, sendo que uma das ferramentas que vem ganhando terreno e pode contribuir para que os resultados esperados sejam alcançados, é a padronização de frotas agrícolas.
Para Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, Ph.D, engenheiro agrônomo, mestre em máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, a padronização de frotas traz melhor planejamento da safra, facilidade na alocação e substituição de máquinas quando necessário, redução de custos de aquisição e manutenção. Além de melhor preparo do efetivo de trabalho, pois possibilita operar qualquer um dos equipamentos. “É uma tendência quando avaliamos que o cliente é 100% leal à marca e acredita naquilo que foi vendido para ele. Não apenas os equipamentos, mas também a experiência de uso em toda vida útil do produto”, explica Ripoli, comentando que existem usinas e fornecedores de cana que somente compram uma determinada marca.
De acordo com o especialista, para padronizar as frotas é necessário ter um relacionamento muito bom de prestação de serviços e confiança com o concessionário local, dentro de todas as áreas de atuação. A prática proporciona redução nos custos com inventários em peças, manutenções, treinamento de funcionários, ter melhores negociações comerciais de compra e troca de equipamentos, linhas de financiamento diferenciadas, etc.
Ripoli ressalta, porém, que quanto maior o cliente, menor o interesse em depender de apenas uma marca para ter onde se socorrer, caso um deixe na mão. Portanto, preferem manter relacionamento com mais de um concessionário, muitas vezes onerando o financeiro da empresa que precisa manter um maior estoque de peças, gastos com treinamento etc. para que os equipamentos e máquinas continuem rodando. “Na maioria das usinas de cana, no caso de colhedoras, existem apenas três marcas no mercado (John Deere, Case e Agco-Valtra), mas apenas as duas primeiras realmente estão em evidência. Diferente do caso de tratores que existem diversas marcas, na sua maioria pertencentes aos grupos acima”, elucida. “Eu, pessoalmente, sou a favor da padronização de frotas mediante um compromisso firme da marca e rede de concessionários. Lembrando que a padronização passa também pelos transbordos, caminhões, veículos de apoio etc”, observa.
Prática também é bem vista por produtores
Para o produtor de cana-de-açúcar, Pedro Carvalho Wiezel, a padronização facilita a manutenção e possibilita uma economia na compra de peças de reposição e manutenção preventiva, pois se compra em uma escala maior. O engenheiro agrônomo ressalta ainda que é possível aumentar a eficiência de trabalho, devido a manutenção ser igual e se tornar mais previsíveis, evitando assim paradas desnecessárias, como também conseguir mais agilidade do socorro na quebra.“Conseguimos especializar mais a mão de obra de manutenção, padronizamos o almoxarifado de peças de manutenção preventiva e também de peças que se depreciam mais rápido, evitando surpresas ruins na lavoura”, explicou.
Grandes empresas do setor apostam na padronização
Uma das grandes produtoras de açúcar e etanol no Brasil, a Raízen, está sempre na busca de garantir operações seguras em seus processos de produção e, para isso, contar com um bom maquinário agrícola é imprescindível. “Uma boa gestão de frota agrícola com equipamentos novos, padronizados e que otimizem os processos produtivos de toda a cadeia de negócios permite melhor aproveitamento da matéria-prima produzida no canavial. Além disso, a inovação tecnológica também faz parte deste processo ao garantir agilidade e assertividade na operação de maquinário evitando desperdícios e prejuízos e maximizando ganhos de todo processo produtivo”, afirma Marcos Fernandes, diretor de Suprimentos da Raízen.
São vários os benefícios apontados pela empresa para a padronização de sua frota. Recentemente, a companhia conduziu a renovação do seu parque de máquinas pesadas na busca por melhores tecnologias que propiciem redução do consumo de combustíveis, baixa manutenção e aumento da produtividade.
A justificativa para a troca da frota é que a alta tecnologia embarcada nos equipamentos promove impactos positivos no meio ambiente, na rotina, qualidade de vida e produtividade da mão de obra de todo o processo produtivo, bem como da sociedade impactada pelo negócio.
A negociação, considerada a maior em volume de máquinas pesadas da marca Caterpillar, envolveu o desembolso de R$ 70 milhões para safra 2020/21 através de contrato de locação com a Triengel. Foram adquiridos 127 equipamentos novos destinados à renovação de frota de todos os polos. Os equipamentos serão utilizados para movimentação de açúcar e resíduos, incluindo biomassa, além de conservação de estradas próximas aos canaviais.
“A Raízen busca sempre garantir operações seguras com os menores custos dos processos. Conduzimos a renovação do nosso parque de máquinas pesadas buscando as melhores tecnologias que nos propiciem redução do consumo de combustíveis, baixa manutenção e aumentem a nossa produtividade. Operar com a máquina certa no lugar correto nos dá competitividade”, destaca Fernandes.
De acordo com o diretor, com a negociação, a empresa passa a contar com a máxima eficiência nos 860 mil hectares de áreas agrícolas cultivadas de suas 26 unidades de produção de etanol, açúcar e bioenergia buscando sinergia entre suas operações, além da alta tecnologia embarcada nos equipamentos. “O que irá gerar redução do consumo de combustível promovendo impactos positivos no meio ambiente, na rotina, qualidade de vida e produtividade da mão de obra de todo o processo produtivo, bem como da sociedade impactada pelo negócio”, conclui.