Agricultura

Minas ganhará primeira fábrica de biochar de cana-de-açúcar

Fábrica de biochar de cana-de-açúcar ficará em Campina Verde, no Triângulo Mineiro

Minas ganhará primeira fábrica de biochar de cana-de-açúcar

Com investimentos próximos a R$ 15 milhões, a NetZero, produtora industrial de biochar, implantará a primeira planta produtora do insumo a partir da cana-de-açúcar em Minas Gerais.

A fábrica, que terá capacidade produtiva inicial de 2,5 mil toneladas de biochar ao ano, será implantada em Campina Verde, na região do Triângulo Mineiro, relata o Diário do Comércio.

Até o momento, todas as unidades da NetZero produzem o biochar a partir da palha café.

A diversificação é considerada estratégica, principalmente, devido ao grande potencial para a expansão do número de fábricas e do uso do biochar na produção agropecuária e na recuperação de áreas degradadas.

A unidade será construída na fazenda da parceira local Brunozzi Agropecuária, que também será a fornecedora da palha da cana para a produção do biochar.

A indústria será abastecida ainda por usinas locais, que fornecerão o bagaço da cana. A expectativa é que a unidade comece a produzir em fevereiro de 2026 e os fornecedores da biomassa também serão os usuários do biochar. A estimativa é que o quilo do produto seja comercializado entre R$ 1,20 e R$ 1,50.

Conforme o CEO da NetZero no Brasil, Pedro de Figueiredo, a cana-de-açúcar é a cultura mais abundante do planeta, o que  abre caminho para um crescimento expressivo nos próximos anos.

“O nosso objetivo é escalar a utilização do biochar da Net Zero no mundo, começando pelo Brasil. Escolhemos instalar a unidade na fazenda da Brunozzi Agropecuária porque na região temos várias plantas de produção de açúcar e etanol. Essa proximidade é importante para melhores condições de transporte da biomassa. Vamos utilizar o bagaço e a palha da cana e queremos mostrar a grande oportunidade de retorno ambiental e também do uso do biochar na produção da cana-de-açúcar”, explicou.

Ainda conforme Figueiredo, o uso do biochar nas lavouras de cana-de-açúcar além de ampliar a produtividade por hectare também gera um incremento próximo a 25% no rendimento da cana na hora do processamento e fabricação dos produtos.

A princípio, a unidade será equipada com um reator, gerando assim, uma capacidade instalada de 2,5 mil toneladas de biochar ao ano. A estimativa é ampliar o número de reatores conforme a demanda for crescendo. “A demanda irá crescer à medida que as pessoas entenderem a importância da produção e do uso do biochar. Vamos ampliar a produção de forma gradativa”.

Diversificação e Pesquisa da NetZero

A diversificação da biomassa para a produção do biochar veio dos investimentos em pesquisas.

A NetZero conta com um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, localizado em Paiva, na Zona da Mata de Minas, onde são testados diversos tipos de biomassa. Além do café e da cana-de-açúcar, os estudos também avaliam o uso da casca de arroz, do caroço de açaí, da casca de coco, cacau, entre outros.  

Em Minas Gerais, a unidade de Campina Verde será a terceira planta fabril no Estado e a quarta no Brasil. A NetZero já conta com um complexo em Lajinha, onde a matéria-prima é a casca de café. A unidade tem capacidade de produzir 4 mil toneladas de biochar ao ano. 

Ainda este mês, a expectativa é inaugurar a segunda unidade Mineira. Em fase de conclusão, a indústria está em São João do Manhuaçu, na Zona da Mata. A unidade terá capacidade de produzir 4 mil toneladas de biochar ao ano.

Benefícios do Biochar

Conforme a NetZero, o biochar é um produto rico em carbono, com impacto climático e agrícola. Ele é produzido por meio do processamento de biomassa, em alta temperatura e ausência de oxigênio, permitindo extrair e estabilizar o carbono nela contido. Esse carbono, capturado inicialmente da atmosfera pela fotossíntese, é então incorporado ao solo, promovendo a remoção duradoura do CO₂ atmosférico.

No solo, a estrutura ultra porosa do biochar melhora a retenção de água e de nutrientes, aumentando significativamente a produtividade agrícola e a renda dos produtores. Isso pode reduzir o uso de fertilizantes e, assim, descarbonizar a produção na origem sem comprometer a produtividade.