O BioMilho Brasil 2026, já entrou em campo. Webinar de lançamento, promovido na noite de quarta-feira, dia 17, pelo JornalCana, deu uma amostra do que será o evento. Uma verdadeira imersão na cadeia do etanol de milho e sua integração com a cana-de-açúcar.
O ex-ministro da Agricultura, Antônio Cabrera, que abriu os debates do webinar, fez questão de desmistificar a rivalidade entre as culturas.
“O milho não é adversário da cana” disse, explicando que “o cereal permite às destilarias duplicarem a produção de etanol sem plantar um pé de cana a mais, aproveitando ativos industriais que ficam parados de três a cinco meses por ano.”
O ex-ministro ressaltou ainda que o etanol de milho está chegando a regiões onde a cana nunca teve espaço, como o sul do Pará e o Rio Grande do Sul. “Em 26 anos no sul do Pará, nunca vi etanol numa bomba. Agora vamos ter essa oportunidade”, celebrou.
Sobre a sustentabilidade, Cabrera foi categórico: “Nenhum biocombustível no mundo vai chegar igual ao etanol de milho” produzido no Brasil, destacando que 75% da produção vem da safrinha — uma característica única globalmente que garante melhor pegada de carbono.
Desoneração do etanol e reforma tributária
“Nos Estados Unidos, o etanol E85 paga zero imposto. Zero. Aqui, pagamos em média 20%. Isso é incoerente com qualquer discurso de sustentabilidade”, afirmou. Segundo o ex-ministro, a reforma tributária caminha no sentido oposto ao necessário, ao tributar instrumentos privados que financiam o agro.
“Hoje, cerca de 70% do crédito agrícola vem do setor privado. Tributar isso é um retrocesso. O Tesouro não dá conta nem do seguro rural”, alertou. Para Cabrera, o risco não é barrar a expansão do milho e dos biocombustíveis, mas atrasá-la.
Estratégia “Bioenergia 5.0”
Agata Tuirni, CEO da Fertron, destacou que o antigo preconceito contra o etanol de cereais foi superado pela realidade econômica. Ela ressaltou que marcos como a Lei do Combustível do Futuro e o RenovaBio permitem “monetizar a sustentabilidade” através dos CBIOs.
Para a executiva, o Brasil caminha para a “Bioenergia 5.0”, onde a integração milho-cana sustenta mercados de trilhões, como o de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) e o transporte marítimo (Bunker). “Não é mais uma questão de concorrência. O milho é complementar e o Brasil será líder incontestável na descarbonização global”, afirmou Agata.
Eficiência industrial e lançamento de livro técnico
No campo operacional, Alisson Colonhezi, diretor industrial da CMAA, afirma que a tecnologia brasileira já alcançou (e em alguns casos superou) a americana. Com rendimentos de até 455 litros de etanol por tonelada de milho. Ele enfatizou que o segredo está na extração de óleo e na gestão de coprodutos (DDGS).
Colonhezi também anunciou o lançamento de seu livro, “Etanol de Milho – Uma Abordagem Operacional”, que será lançado durante o BioMilho Brasil 2026. Escrito em parceria com Isaac Pinho, a obra, em fase final de diagramação, levou sete anos para ser concluída.
“Então é um projeto que a gente tem bastante orgulho. Espero que traga um conhecimento para toda a operação, ele é voltado à operação mesmo, para quem está com a mão na massa e acredito que vai beneficiar, apoiar na formação da mão de obra”, disse.
BioMilho Brasil 2026: uma imersão
Josias Messias, CEO da Pró-Usinas e do JornalCana, chama a atenção para os ativos subutilizados das usinas. Segundo ele, as usinas de cana já possuem a maior parte do Capex pronto: biomassa, logística e mão de obra.
Messias apresentou dados impactantes: enquanto o retorno de uma usina de cana pode levar 20 anos, o projeto de milho apresenta payback inferior a 5 anos. “O mercado de etanol é elástico. Se entregarmos com preço competitivo, o consumo cresce. A integração traz competitividade não só para o etanol, mas para o custo global da usina, incluindo o açúcar”, pontuou.
“Diferente de congressos tradicionais, o BioMilho Brasil 2026 terá um formato de imersão, limitado a 130 participantes. O objetivo é a troca direta de experiências com quem já faz acontecer, E poder oferecer essa imersão que vai conectar as usinas e as agroindústrias à bioenergia do milho e a segurança alimentar proporcionada pelo milho”, explicou Messias.
Assista a íntegra do webinar no canal do JornalCana no Youtube.
BioMilho Brasil 2026
Data: 26 de fevereiro de 2026
Local: Wyndham Garden, em Ribeirão Preto – SP
Inscrições: www.biomilho.com.br