Cana-de-Açúcar

Inovações em ambientes de produção de cana-de-açúcar em solos tropicais

O engenheiro agrônomo Hélio do Prado explica sobre as informações obtidas através da caracterização para decisões mais assertivas

Inovações em ambientes de produção de cana-de-açúcar em solos tropicais

O avanço da tecnologia, que facilita o acesso às informações, reflete-se na busca contínua pela profissionalização das equipes, que dedicam seus esforços diários para atingir maiores produtividades.

Nesse contexto, as informações obtidas através da caracterização dos ambientes de produção de cana-de-açúcar são essenciais para decisões mais assertivas, especialmente nos seguintes aspectos: determinação das melhores épocas de plantio e colheita, alocação varietal e cuidados nas operações de preparo de solo, visando potencializar os aspectos desfavoráveis de cada tipo de solo e não prejudicar os favoráveis.

Embora seja uma ciência relativamente nova, surgida no início dos anos 2000, a caracterização dos ambientes de produção já é uma realidade do setor.

O conceito de ambientes de produção se resume na interação dos fatores solo, clima e manejo na definição do potencial produtivo, considerando as características do solo, submetida a condição climática local e a aplicação das boas práticas agronômicas, que chamamos de manejo convencional.

Definimos como manejo convencional as práticas agrícolas de conservação e preparo do solo, plantio e colheita na época certa, com mudas sadias certificadas e com alta população de colmos por área, ausência de plantas invasoras, pragas e doenças, com perdas mínimas na colheita mecanizada e com a correta alocação varietal de acordo com o ambiente de produção.

Os ambientes de produção são dinâmicos, portanto, alteram-se quando é considerado alguns tipos de manejos classificados como avançado: aplicação de vinhaça, torta de filtro, biofertilizantes, irrigação plena e semi-plena, adubação foliar, rotação de culturas e o efeito residual de nutrientes deixados para a cana-de-açúcar no mesmo local antes com gramíneas, leguminosas e plantas frutíferas.

A aceitação do mercado e o dinamismo dos ambientes de produção motivaram Hélio do Prado, sócio proprietário da empresa Solunexus, e sua equipe em aperfeiçoar as informações passadas a seus clientes.

“No início, o enquadramento dos ambientes de produção considerava uma amplitude de produtividade variando de 64 a 100 toneladas de colmo por hectare na média de cinco cortes (TCH5). Com a atualização do nosso banco de dados, baseado nos resultados de produtividade de cana-de-açúcar nos diferentes tipos de solos em regiões de diferentes climas, nos forçou a analisar os limites e níveis de ambientes e ajustar para uma nova faixa, que varia de 39,5 a 203,5 TCH5, onde agora, cada ambiente considera uma variação de 4 toneladas por hectare até o ambiente A1, e do A+1 até o A+5 uma variação de 20 toneladas por hectare.”

Figura 1. Primeira régua de ambientes de produção.

Figura 2. Régua atual de ambientes de produção.

Outro desafio enfrentado pela equipe Solunexus foi aumentar o acesso a essas informações. “Para tornar o custo mais acessível aos clientes, desenvolvemos com muito estudo e o auxílio da tecnologia uma nova modalidade de classificação de solos e ambientes. Nesse método, o cliente realiza a coleta de solos nos pontos indicados através do nosso aplicativo exclusivo de coleta de solos, desenvolvido pela nossa equipe de tecnologia em colaboração com a equipe agronômica. Essas amostras são transportadas até nossa empresa, onde a classificação dos pontos coletados é realizada pelos nossos especialistas, gerando os mapas e informações de solos e ambientes com a mesma qualidade e uma redução de custo que pode chegar até 30% do valor comprado, com a nossa equipe coletando. Todo esse processo possui rastreabilidade de ponta a ponta, garantindo a acurácia dos dados, além de gerar agilidade e segurança”.

Além das informações do potencial produtivo e os cuidados na operação, a Solunexus considera a deficiência hídrica como o fator mais decisivo no potencial produtivo, e por isso desenvolvemos uma linha de estudo de água nos solos baseada em: capacidade de água disponível (CAD); taxa de infiltração e balanço hídrico.

Outras aplicações dos ambientes de produção são: decisões de compra e arrendamento de terras e devolução de áreas de arrendamento.

Com a ruptura de alguns conceitos, que até então eram considerados definitivos, abre-se a oportunidade de serem adotadas determinadas inovações que veem contribuindo para a melhora na gestão das regiões produtoras de cana-de-açúcar, impulsionando a produtividade, principalmente em épocas em que, cada vez mais nos deparamos com cenários climáticos desafiadores.

Essa matéria faz parte da edição 352 do JornalCana. para ler, clique aqui.