A integração entre a cana-de-açúcar e a produção de grãos, especialmente o amendoim, foi o tema central da 5ª Reunião do Grupo Fitotécnico de Cana IAC, realizada na terça-feira (27), no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto-SP. O evento reuniu especialistas que exploraram as vantagens e desafios desta prática agrícola, que tem ganhado destaque no Brasil.
Na abertura do evento, Marcos Landell, coordenador do Grupo Fitotécnico IAC e diretor do Instituto, abordou o momento crítico enfrentado na região de Ribeirão Preto devido aos recentes incêndios que atingiram os canaviais. Landell ressaltou que os produtores não têm interesse em queimar suas plantações, enfatizando os prejuízos significativos causados pelo fogo. Ele relembrou as discussões iniciais sobre a colheita de cana crua, iniciadas em 1992, que previam que, até 2012, toda a cana seria colhida mecanicamente, sem o uso de fogo. “Hoje, ninguém tem interesse em queimar. Nossas variedades brotam muito bem, mas os incêndios trouxeram grandes prejuízos para os produtores”, afirmou.
José Antonio de Souza Rossato Junior, presidente da Câmara Setorial do Amendoim, deu início aos debates destacando os benefícios da integração produtiva, com foco na sustentabilidade. Ele apresentou dados sobre a cultura do amendoim, que ocupa 29 milhões de hectares no mundo, mas no Brasil está presente em apenas 300 mil hectares, dos quais 84% estão concentrados no estado de São Paulo.
Apesar de o Brasil representar apenas 1% da produção global de amendoim, o país ocupa a 6ª posição nas exportações, e o setor tem um grande potencial de expansão, com um crescimento anual de 16,9% nas últimas quatro safras. Rossato enfatizou a importância do sistema produtivo integrado, que traz vantagens como a quebra do ciclo de pragas, a redução da população de nematoides e a rotação de herbicidas no manejo de plantas daninhas. Além disso, o amendoim contribui com cerca de R$ 12 mil em nitrogênio e potássio por hectare para a cultura da cana.
Na sequência, Nilza Patrícia Ramos, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, falou sobre a contabilidade de carbono no sistema de integração cana-grãos, destacando seu papel no uso eficiente da terra e no combate às mudanças climáticas. A pesquisadora explicou que a integração é viável principalmente durante a reforma dos canaviais, período em que o solo fica livre para o cultivo de outras culturas, como soja e amendoim. Além de gerar receita adicional, essa prática contribui para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa e para o sequestro de carbono no solo.
A programação do evento incluiu ainda a apresentação do Programa Promova ND, focado em soluções para o período vegetativo da cana, conduzida por Aimêe Seleghim, especialista em cana-de-açúcar da Stoller.
O encontro foi encerrado com a apresentação de experiências práticas na reforma de grãos, compartilhadas por representantes das Usinas Santa Adélia, Nardini Agroindustrial, MGC Agroindustrial, Usina Cerradão, Grupo Alta Mogiana e do Sindicato Rural de Jaboticabal, que destacaram os resultados positivos alcançados com a integração entre cana e grãos.