O produtor nordestino espera que a chuva cesse para que o valor dos Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) aumente e a produtividade volte a crescer, pelo menos um valor próximo de seus custos de produção. Mas o cenário demonstra que a safra 2014/15 será marcada pela queda nos índices de produtividade, embora o Nordeste tenha o que comemorar no que diz respeito ao desenvolvimento da produção depois de uma longa seca. As informações são do boletim “Ativos da Cana-de-Açúcar”, elaborado pelo Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresa (Pecege), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“As chuvas estão fazendo nosso ATR baixar. Tem produtor comercializando sua cana a R$ 50,00 e R$ 52,00”, disse o presidente da União Nordestina de Produtores de Cana – Unida, Alexandre Lima, lembrando que o produtor é remunerado pela qualidade da matéria-prima expressa em quilo de ATR por tonelada de cana.
Segundo ele, essa variação de preço não suporta o custo de produção que está em torno de R$ 87,00 na região nordestina.
Ainda de acordo com o estudo da CNA em parceria com o Pecege, da Esalq/USP, além da queda da produtividade, o produtor também terá que enfrentar uma elevação dos custos de produção.
Segundo a pesquisa, os principais itens que irão influenciar esse aumento são: a queda da produtividade por hectare; elevação de pelo menos 8% nos salários dos trabalhadores do setor; e 8,5% de aumento no preço do corte, carregamento e transporte da cana (CCT).
“A tonelada de cana no Nordeste é comercializada a R$ 73,00 enquanto que o custo está em R$ 87,00. Já temos essa defasagem que até agora não conseguimos resolver. E agora temos essa expectativa de queda também do ATR. Esperamos que a chuva diminua um pouco para nos render um bom ATR, mas não podemos pedir muito porque acabamos de sair de uma seca”, revela o dirigente, destacando que a chuva, pelo menos, fez com que a cana voltasse a se desenvolver.
A situação foi classificada como séria pelo presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso. Para ele, as expectativas só demonstram a necessidade de serem adotadas medidas capazes de tornar a atividade economicamente mais viável. “Grande parte desse problema da remuneração do produtor vem da falta de uma regulamentação para o setor e das medidas políticas do governo que opta pela compra do petróleo no mercado internacional ao invés de valorizar a produção do etanol internamente. Se a produção do etanol fosse importante para o governo, o pagamento de nossa cana também seria melhor”, conclui.