O Pecege Consultoria divulgou o Benchmarking de Custo de Produção: Motomecanização referente ao 3º trimestre da safra 2023/24. O estudo aponta que o custo do CTT (Corte, Transbordo e Transporte) na região Centro-Sul foi de R$ 39,51 por tonelada de cana-de-açúcar.
O relatório de motomecanização é um projeto focado principalmente em informações técnicas e de custos dos equipamentos utilizados para a produção agrícola de cana-de-açúcar. Seu objetivo é trazer nos três trimestres do período produtivo da safra, os custos e indicadores técnicos do CTT. Quando se avalia o custo total de produção de cana, ele é uma das etapas mais custosas, chegando em média a aproximadamente 30% do custo caixa de produção de cana.
A pesquisa baseou-se em dados coletados de 32 grupos distribuídos em 56 unidades localizadas em 8 estados brasileiros. Essas unidades respondem por aproximadamente 136 milhões de toneladas de cana, o que representa cerca de 21% do total processado na safra 2023/24 na Região Centro-Sul. A coleta de dados abrangeu produtividade, características da frota, custos com mão de obra, diesel e rendimento por equipamento, entre outros fatores. As informações foram compiladas até dezembro de 2023, quando a colheita de cana foi concluída, na maioria das unidades do Centro-Sul.
Segundo o especialista do Pecege Consultoria e Projetos, Ruan D’Aragone, houve uma variação significativa no TCH (Toneladas de Cana por Hectare) entre as safras 2022/23 e 2023/24. “Na safra 2022/23, a média do TCH era de aproximadamente 74 t/ha, enquanto na safra 2023/24 subiu para 89 t/ha no levantamento de motomecanização. Essa variação auxilia na diluição de custos, quando observamos os custos em R$/t, em contas importantes como por exemplo, custos com operador, diesel e CRM, que juntos representam aproximadamente 73% do custo caixa do CTT”, disse. Esse aumento no TCH é justificado predominantemente pela melhora nas condições climáticas entre ambas as safras.
O custo médio do transporte na safra 2023/24 foi de aproximadamente R$ 12,3 por tonelada de cana, considerando a operação realizada com estruturas próprias e terceirizadas. D’Aragone destacou a importância desse indicador: “Considerando que em nossa amostra, tivemos uma dispersão do raio médio de entrega de cana variando entre 17,5km e aproximadamente 37km e o impacto que esse indicador tem no custo com transporte, observamos uma variação da representatividade do transporte dentro do CTT de 20% a 45% entre as usinas”, afirmou. Ele acrescentou que o transporte é uma etapa crucial do processo, influenciando diretamente a logística e a eficiência operacional das usinas.
O estudo também comparou os custos entre operações próprias e terceirizadas. “Apenas 8,8% das operações de corte são terceirizadas, o que reflete uma tendência das usinas e fornecedores em manterem a primarização dessas operações, a fim de terem um maior controle sobre os equipamentos que trafegam de maneira intensa dentro dos canaviais”, ressaltou.
A pesquisa mostrou que a frota de colhedoras é relativamente recente, com a maioria dos equipamentos em operação datando de 2021. “Embora ainda existam casos esporádicos de colhedoras de 2013 em atividade, a maioria dos equipamentos tem até quatro anos de uso, o que é um indicativo de renovação constante da frota,” destacou D’Aragone. A modernização da frota é essencial para aumentar a eficiência e reduzir os custos de manutenção e operação.
D’Aragone também destacou a importância da eficiência no uso dos equipamentos. “A média de 60% de horas de elevador em relação a horas de motor indica que 40% do tempo em que o motor está ligado, ele não está colhendo cana efetivamente, mas sim realizando outras operações como aguardando transbordo, manobrando ou autodeslocamento. Reduzir essa relação aumenta a produtividade e reduz custos,” explicou. Ele enfatizou que a otimização do uso dos equipamentos é crucial para melhorar a eficiência operacional, maximizando o retorno do investimento.
Outro recorte da pesquisa inclui a análise das colhedoras de duas e uma linha. A pesquisa aponta que 12% das colhedoras da amostra em atividade são de duas linhas simples; 12% de duas linhas duplo alternado e 76% de 1 linha simples.
Esta matéria faz parte da edição 351 do JornalCana. Para ler, clique aqui.