Há instabilidade internacional, turbulência na política interna, tendência de poucas chuvas no último terço de safra, mas, apesar disso, o preço do açúcar deve seguir com uma margem muito boa e o etanol com 12% do preço médio do ano passado. Foi esse o cenário traçado pelo diretor da Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio Carvalho), durante o evento Abertura de Safra, promovido pela Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), no dia 26 de abril, no auditório da entidade, em Sertãozinho-SP.
O evento também foi marcado pela entrega da certificação Bonsucro a 12 produtores associados da Canaoeste, que respondem por 26 propriedades, que totalizam cerca de 17 mil hectares e somam, aproximadamente, 1.100.000 toneladas certificadas.
“A transição energética deverá ser mais lenta do que gostaríamos. 2024 será um ano difícil, com eleições externas, como a dos Estados Unidos, e internas (eleições municipais), que costumam travar o ambiente político, com constantes ameaças do governo de intervenção nas estatais (como definição dos preços da Petrobrás), que colocam em risco a competitividade do etanol”, apontou Caio Carvalho.
Carvalho destacou, também, a queda de produtividade da safra atual em relação à passada, que foi recorde, com uma moagem de 654 milhões de toneladas de cana. “A safra 2023/24 teve números impressionantes, que só deverão ser alcançados novamente daqui a 15 ou 20 anos. Para esta safra, estamos trabalhando com três condições: a safra será seca, restando saber se será mais ou menos seca, o que fará muita diferença, devendo fechar em média na casa das 600 milhões de toneladas. Ou seja, vamos ter 54 milhões a menos, o equivalente a uma Austrália inteira, ou uma Tailândia inteira”, comparou Carvalho.
O presidente da Canaoeste, Fernando dos Reis Filho, ressaltou que, independentemente dos cenários apresentados, a Associação seguirá trabalhando firme na defesa dos produtores. “Sabemos que a atividade agrícola é marcada por grandes desafios, contando sempre com muitas previsões e muitas incertezas, mas nós, da Canaoeste, temos uma certeza: a certeza de que vamos trabalhar muito para que todos os nossos associados tenham uma boa safra”, disse Fernando.
O gestor executivo da Canaoeste, Almir Torcato, destacou o trabalho da associação almejando a entrega, aos associados, de “soluções inovadoras, visando não só à busca pela eficiência mas também à sustentabilidade e à redução de custos para o produtor, lembrando que existem algumas questões que fogem do controle do produtor, como clima, pragas e queimadas, enfatizando a importância do fortalecimento da Associação, por meio de maior participação dos associados, para tratar das questões de representatividade, lembrando a ativa participação da Canaoeste na edição do Cana Summit, em Brasília, com mais de 40 associados.
“Percebi a grandiosidade da nossa Associação. Fomos a que mais levou produtores e pudemos falar das nossas dores. Conscientizei-me um pouco mais da importância de estarmos atentos a essa parte política, que tanto influencia no nosso dia a dia, e a Canaoeste tem um papel muito importante defendendo os nossos interesses, também, em Brasília”, destacou a produtora Flávia Varela, uma das produtoras que acompanhou a caravana à Brasília.
Após a entrega da premiação aos produtores com a certificação Bonsucro, o evento foi finalizado com um almoço de confraternização.