Agricultura

Aumento de ataques de lagarta Elasmo em plantios de cana na região de Ribeirão Preto-SP preocupa especialista

Confira artigo de Jivago Rosa

Aumento de ataques de lagarta Elasmo em plantios de cana na região de Ribeirão Preto-SP preocupa especialista

Diante das condições climáticas que estamos vivenciando nesse ano de 2024, produtores e usinas da região de Ribeirão Preto-SP demonstram preocupações com baixos índices pluviométricos, uma vez que os reflexos são imensos na rebrota e consequentemente na manutenção dos estandes e produtividade da safra do próximo ano.

Não obstante, há uma ocorrência grande de canaviais plantados (canas plantas) com aspectos visíveis de perfilhos mortos e consequentemente grandes falhas nas linhas produtivas da cultura.

Embora grande parte dos produtores e técnicos acharem que a mortalidade das plantas está ocorrendo devido à seca, outro fator tem sido causa principal em locais com altas quantidades de plantas com sintomas de morte permanente, trata-se do que chamamos popularmente de lagarta Elasmo.

A lagarta Elasmo (Elasmopalpus lignosellus) causa o que chamamos coloquialmente de “coração morto” e em áreas de canas plantas pós sucessão com soja e amendoim, está causando diversas preocupações em produtores e usinas da região. São as áreas com maiores injurias visíveis, sendo a sucessão com amendoim as áreas com as mais altas incidências.

De fato, a baixa condição pluviométrica propicia maiores chances de sobrevivência à lagarta Elasmo e por esse motivo a junção desses dois fatores tem se potencializado e gerado uma enorme quantidade de plantas com morte visível, todavia ocorrências desses cenários em canas plantas não são muito comuns, salvo quando juntamente ao defit hídrico ocorre ataque desse inseto praga. Isso ocorre, uma vez que a lagarta elasmo tem a capacidade de fazer perfuração na base, ou abaixo do colo de desenvolvimento do perfilho, ocasionando a senescência da planta pelo comprometimento no transporte de seiva bruta.

Esse inseto-praga ataca diversas culturas (polífaga), sendo uma delas a soja e o amendoim. Pertencente à família dos lepidópteros, os adultos(mariposas) dessa espécie possuem hábitos noturnos, cores acinzentadas e tamanho pequeno (15 a 25 mm de envergadura). As formas jovens, causadoras dos danos, vivem no solo e atacam as plantas nos 30 primeiros dias de germinação ou brotação, possuem uma característica de se movimentarem com grande agitação quando tocadas.

Com relação ao controle na cultura da cana-de-açúcar é possível a utilização de inseticidas sistêmicas em plantio, com ênfase em áreas com históricos de muitos ataques nas culturas de sucessão e solos de textura média/ arenosas. A utilização de inseticidas químicos em períodos noturnos e irrigação, quando possível, são também as possibilidades para uma eventual contenção populacional da praga.

Em linhas gerais, a cultura da cana-de-açúcar consegue driblar os efeitos da praga com as primeiras chuvas de primavera, no entanto vale ficar muito atento aos sinais quando as previsões de chuvas são escassas demasiadamente em épocas de inverno, gerando danos irreversíveis em canas plantas.

Desta forma, os anos passam e a cada safra aprendemos que os insetos-praga nos indicam que precisamos ser vigilantes diante de um cenário climático hostil e incerto.

Jivago Rosa é Consultor de pragas na cultura da cana-de-açúcar, om Pós-graduado em Entomologia agrícola pela Unesp/Jaboticabal