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Agricultor pode ter pagamento facilitado

O governo se reúne amanhã com agricultores no interior de Goiás e poderá anunciar medidas para facilitar o pagamento das dívidas e da comercialização da safra dos produtores de soja, algodão, arroz, milho e trigo.

Após bons anos de preços elevados e de boa rentabilidade, os produtores alegam que foram afetados pela desvalorização do dólar, pela queda dos preços dos produtos, pelo aumento dos custos e, em algumas regiões, pela forte quebra na produção.

Essa quebra, principalmente no Sul do país, já atinge proporções alarmantes. O terceiro levantamento de safra de soja e de milho da Fecoagro (cooperativas do Rio Grande do Sul), mostra que a produção da oleaginosa pelos gaúchos, prevista inicialmente em 9,4 milhões de toneladas, ficará em apenas 4,1 milhões.

A situação do milho não é muito diferente. Os gaúchos esperavam produzir 5 milhões de toneladas do grão nesta safra de verão, mas as estimativas da Fecoagro apontam para apenas 2,2 milhões.

Devido à seca no Sul e à ferrugem no Centro-Oeste, alguns analistas estimam quebra de até 10 milhões de toneladas de soja neste ano em relação às previsões iniciais. Só no Rio Grande do Sul, os cálculos da Fecoagro indicam perdas de R$ 2,55 bilhões para os produtores de soja e de R$ 650 milhões para os de milho.

Centro-Oeste

A reunião está sendo organizada pelo governo do Estado de Goiás (PSDB) e acontecerá na cidade de Rio Verde (sudoeste do Estado, a 220 km de Goiânia), com a presença de governadores, líderes políticos e do ministro Roberto Rodrigues (Agricultura). O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) foi convidado, mas ainda não confirmou presença.

A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) já anunciou as linhas gerais da negociação que quer com o governo: pagar 20% da dívida dos financiamentos para custeio da produção neste ano e diluir o pagamento do restante em quatro anos; não pagar as parcelas que vencem neste ano e em 2006 dos empréstimos para investimentos e deixar para quitar toda a dívida no vencimento de cada contrato.

Para as dívidas dos agricultores com o setor privado (“tradings” e vendedores de insumos) a estratégia é não fazer os pagamentos por 90 dias e depois renegociar.

Entre julho de 2004 e janeiro deste ano, o governo liberou R$ 32,8 bilhões programados para serem aplicados em custeio, investimento e comercialização da safra 2004/5. Desse total, R$ 23,56 bilhões são para custeio e comercialização.

Dólar

Entre os motivos alegados pelos agricultores para não pagar as dívidas estão a desvalorização do dólar e a queda nos preços dos principais produtos. Os agricultores afirmam que compraram insumos com o dólar a R$ 3,10 ou R$ 3,20. Agora, com o dólar a R$ 2,59, recebem menos reais pelos produtos que exportam em dólar.

Dados repassados pelo governo aos agricultores, referentes ao período de fevereiro de 2004 a fevereiro de 2005, mostram um cenário internacional ruim, com o aumento dos estoques internos (os da soja chegaram a subir 383%) e a alta dos custos de produção.

Os produtores ainda esperam queda de 30% a 40% na produção devido à seca no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

O preço interno do algodão teria caído 44%; o do arroz, 31%; o da soja, 33%; o do trigo 20%; e o do milho, 6%. As causas dessas quedas acentuadas seriam a valorização do real em relação ao dólar e os preços dessas commodities no mercado internacional.

Os agricultores também alegam que os custos de produção teriam subido: 19% para o algodão, 15% para o milho, 17% para a soja e 10% para o trigo.

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