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Agricultor antecipa compra de insumos

Produtores que anteciparam a compra de adubo para a próxima safra de verão, que só começa a ser cultivada em setembro, já contabilizam economia de pelo menos 20%. Na região da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito (SP), por exemplo, de abril até o fim de junho os principais componentes dos adubos tinham subido em média 16,6% – o fosfato subiu 9,5%; o nitrogênio 18% e o potássio 22%. As planilhas de preço deste mês da cooperativa estão chegando às revendas com novo aumento, entre 5% e 7%. Em relação à safra passada, o aumento de preços até o fim de junho acumulava 20% para o fosfato, 12% para o potássio e 34% para o nitrogênio.

Na soja, o peso do adubo no custo operacional de produção representa entre 23% e 30%; no milho, entre 22% e 30%, segundo o pesquisador Mauro Osaki, do Cepea/Esalq-USP.

Conforme o supervisor de insumos da cooperativa, Carlos Roberto de Oliveira, até abril tinham sido vendidos antecipadamente 60% do volume de adubo previsto para esta safra na região. “O produtor acompanha as tendências e sabia que os aumentos viriam”, explicou.

“Há realmente uma tendência de valorização dos fertilizantes”, concorda Osaki, do Cepea. “A valorização das commodities agrícolas, que ficou em torno de 30% do ano passado para cá, puxa para cima também o preço dos adubos. Além disso, a Europa está comprando fertilizantes agora para a sua safra e aqui, no Brasil, há grande demanda também na cana-de-açúcar e no café”, diz.

À vista. Em Mato Grosso, o principal produtor de soja do País, com safra de 20,5 milhões de toneladas em 2010/2011, o movimento de antecipação de compras de insumos para a safra 2011/2012 também foi intenso, aponta o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Conforme o superintendente do instituto, Otávio Celidonio, até maio 82% do total de fertilizantes necessários para o próximo plantio de soja já haviam sido comprados (ante 65% em 2010), e 77% dos defensivos (ante 71% no mesmo período de 2010). “A compra à vista aumentou, passando para 44% em relação aos fertilizantes – ante 40% no ano passado – e 38% no caso de defensivos, ante 10% no ano passado”, diz Celidonio.

Para o diretor-técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, a antecipação de compras de insumos é uma boa estratégia para reduzir riscos. “O produtor faz uma espécie de hedge, na qual fecha com antecedência seu custo de produção e já sabe, em sacas, quanto vai lucrar lá na frente”, diz. “E, mesmo que se abra mão de um lucro excepcional na hora da colheita da safra, trata-se de uma boa estratégia para garantir um rendimento razoável e cobrir os custos.”

Em Mato Grosso, segundo Celidonio, a maior capitalização dos produtores , além da possibilidade que eles tiveram de quitar dívidas passadas com o bom rendimento não só da última safra, mas da anterior, permitiu que eles investissem mais na compra à vista. A compra a prazo, porém, com promessa de pagar às revendedoras e às tradings insumos com grãos continuou significativa. “Na parcela de 56% de compras de fertilizantes para soja realizadas a prazo, 88% das operações foram à base de troca por grãos com as revendas; o restante foi preço pré-fixado em dólar”, diz Celidonio. “Para defensivos, dentro dos 62% de vendas a prazo, 85% foram à base de troca por grãos e, para sementes, de 44% de vendas a prazo, 89% foram à base de troca.”

Garantia. Na região de Capão Bonito, os agricultores optaram mais pelo pagamento à vista. O produtor Emílio Kenji Okamura antecipou a compra de 60% do adubo de que vai precisar no plantio de verão. “Vou ter de desembolsar mais do que esperava para completar o volume necessário. Se já tivesse comprado tudo, teria feito a co isa certa”, diz. Como fez a compra com recurso próprio, foi até o limite da disponibilidade financeira. Para isso, negociou no mercado futuro 30% da produção da soja.

O agricultor Frederico D”Ávilla, da Fazenda Jequitibá do Alto, em Buri, comprou em abril 100% do adubo que vai utilizar no plantio de verão de 750 hectares. A antecipação garantiu uma economia expressiva. “O ano passado foi bom e aproveitei a sobra de caixa para antecipar a compra.” D”Ávilla comprou também a semente em março e parte dos defensivos. “Compramos o fungicida para soja e milho, que pesa mais no custo.” Ele conta que, no ano anterior, não conseguiu antecipar a compra por causa da frustração de algumas safras. Na sua propriedade, o plantio do milho começa na segunda semana de agosto e o da soja, nos primeiros dias de outubro.

Estratégia

82%

do total de fertilizantes necessários ao plantio de soja de verão em MT, que será feito a partir de setembro, já foram comprados até maio pelos produtores, segundo o Imea, ante 65% na safra 2010/2011.

77%

do total de defensivos para soja também já foram adquiridos até maio pelos produtores de MT, ante 71% na safra 2010/2011

44%

dos pagamentos para compra de fertilizantes para soja foram feitos à vista em MT, ante 40% na safra 2010/2011

38%

dos pagamentos para compra de defensivos para soja foram feitos à vista em MT, ante apenas 10% na safra 2010/2011

56%

dos pagamentos para compras de sementes foram feitos à vista em MT, para 2011/2012, ante 75% na safra 2010/2011

6%

é o que devem aumentar as vendas internas de fertilizantes no País na safra de verão 2011/2012, calcula a RC Consultores, com venda de 26 milhões de toneladas de adubo

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