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Agora é presidente da Petrobras que critica BC

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, criticou a atuação do Banco Central, cujo foco único estaria na política de metas inflacionárias, em detrimento de outras variáveis fundamentais de política econômica.

“Não é a única variável econômica que é relevante. Os bancos centrais trabalham com várias variáveis relevantes para suas decisões. O Brasil está focado só na meta inflacionária”, afirmou Gabrielli a jornalistas ontem depois de participar de premiação do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças).

Gabrielli, petista que recentemente apareceu no programa do partido na TV, destacou a importância de levar em consideração na elaboração da política monetária aspectos como crescimento do país, geração de emprego, distribuição de renda, entre outros.

O presidente da Petrobras citou como “um bom exemplo” o banco central americano (Fed), que, além da busca de estabilidade de preços, não despreza o crescimento econômico e a geração de emprego.

Em seu discurso aos cerca de 600 empresários presentes ao evento do Ibef, Gabrielli já havia criticado a política de metas.

“O mundo vai além das metas inflacionárias”, disse. Ele, porém, se absteve de relacionar diretamente a atuação do BC com a queda de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) divulgada na semana passada.

Apenas afirmou que “um crescimento econômico maior é melhor para a Petrobras”, em referência ao fato de que renda e emprego influenciam o consumo de combustíveis. Até 2010, a previsão da Petrobras é que a demanda por combustíveis cresça 2,6% ao ano no país.

Apesar das críticas, Gabrielli disse que tem um “acordo” com o Banco Central. “Não falamos de política monetária, e eles não falam de preços do petróleo.” Seu antecessor, José Eduardo Dutra, chegou a trocar críticas com o BC em 2004 após o banco criticar o ritmo de reajuste dos combustíveis da estatal.

Mantega

Depois das críticas que fez ao BC em entrevista à Folha, publicada no domingo, o presidente do BNDES, Guido Mantega, baixou o tom ontem. Defendeu a política fiscal e disse que a economia está sólida, embora tenha afirmado que ajustes são necessários.

“O importante hoje é saber que existem investimentos na economia e saber que ela está sólida. Nunca foi feita uma politica econômica tão eficiente como agora. Mas é claro que alguns ajustes precisam ser feitos de modo que ela possa ter um crescimento sustentável de longo prazo num volume compatível com as nossas necessidades.”

Mantega previu ainda que, com o atual cenário e feitos os “ajustes”, o PIB crescerá de 4,5% a 5% em 2006. O presidente do BNDES não detalhou, porém, quais as mudanças que têm de ser feitas. Só pediu, mais uma vez, a redução da TJLP -taxa que baliza os empréstimos, hoje em 9,75%.

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