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Agenda dos EUA no Brasil tem “muito etanol e pouca Venezuela”

Bruno Garcez, De Washington

O vice-secretário para Assuntos Políticos do Departamento de Estado americano, Nicholas Burns, disse quer quer ouvir de diferentes ministros brasileiros sugestões sobre o que “os líderes de nossos dois países devem fazer para que obtenhamos uma maior cooperação relativa ao etanol”.

A declaração de Burns foi feita nesta segunda-feira durante uma entrevista coletiva na sede do Departamento de Estado, na qual ele falou sobre a viagem oficial que fará ao Brasil nesta segunda-feira.

Burns terá encontros na quarta-feira com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e com com o novo embaixador do Brasil em Washington e atual subsecretário de Assuntos Políticos do Itamaraty, Antônio Patriota.

Antes de chegar a Brasília, ele passará por São Paulo, onde diz que também pretende ouvir idéias a respeito de formas com que Esados Unidos e Brasil poderão colaborar em relação ao etanol. Após o Brasil, ele segue para a Argentina e retorna aos Estados Unidos na sexta-feira.

O representante americano afirmou, no entanto, que não haverá “anúncios grandiosos” sobre acordos envolvendo Brasil e Estados Unidos, mas acrescentou que o etanol deverá ser discutido em todas as conversas que terá com autoridades locais.

Segundo ele, por conta da importância dada pelos Estados Unidos ao tema, sua comitiva será integrada por Greg Manuel, o consultor da área de energia do Departamento de Estado. Ele estará acompanhado também de Thomas Shannon, o secretário-assistente do Departamento de Estado para o Hemisfério Ocidental.

O vice-secretário disse que a agenda americana incluirá ainda temas diversos, mas informou que não pretende tratar da Venezuela ou de seu líder, Hugo Chávez, durante os encontros com representantes do Brasil e da Argentina.

“Não pretendemos que a Venezuela seja um tema de nossas discussões. O assunto poderá até surgir, mas não é o nosso foco. Estamos nos centrando em nossos amigos e nossos amigos são Brasil e Argentina e a maioria dos outros países do hemisfério”, afirmou.

Linha venezuelana

O vice-secretário disse não temer que o Brasil adote uma política externa esquerdista à la Hugo Chávez.

“Se tememos que o Brasil siga uma linha venezuelana? Não, não temos esse temor. Não é o que o Brasil e a Argentina têm feito. Estes dois países têm seus próprios interesses, vêm comandando discussões no continente e seguem sua própria estrela.”

Segundo o representante americano, “existe um amplo consenso na América Latina, em torno de democracia e em relação ao comércio e à cooperação com os Estados Unidos”.

Mas, de acordo com ele, há também “casos isolados, como Cuba e Venezuela, que têm idéias bem diferentes, mas que não são representantivas da maioria na América Latina”.

Na edição mais recente da revista Veja, o ex-embaixador brasieiro em Washington Roberto Abdenur critcou a política externa brasileira, afirmando que ela se caracteriza por ser “esquerdista” e antiamericana.

Burns disse que não seria “gentil” comentar a reportagem porque não a havia lido, mas acrescentou que tanto ele como a secretária de Estado Condoleezza Rice sempre mantiveram uma excelente relação com o ministro Celso Amorim.

Conselho da ONU

Burns frisou ao longo da entrevista que o governo americano busca “um amplo compromisso” na América Latina e que a viagem que fará ao Brasil e à Argentina será uma “oportunidade de ouvir” opiniões locais.

Entre os temas sobre os quais o representante americano disse estar disposto a ouvir opiniões, estão as pretensões brasileiras de um assento como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU.

“O Brasil é um líder regional e sabe-se que busca uma cadeira no conselho da ONU. Nós temos apoiado o Japão (que também pleiteia uma vaga), mas também já falamos que poderíamos ver uma expansão do conselho, talvez com quatro ou cinco membros, permanentes e não-permanentes.”

Burns disse “até hoje não descobrimos uma fórmula que equilibre interesses latino-americanos, africanos e europeus na ONU, mas queremos ouvir as idéias de brasileiros e argentinos a respeito desse tema”.

http://oglobo.globo.com/economia/mat/2007/02/05/294457276.asp

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