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AES diz que manterá no país investimento de R$ 650 milhões

As empresas distribuidoras de energia da AES no Brasil vão manter os investimentos previstos para 2009 e de acordo com Britaldo Soares, presidente da companhia, os ajustes, se ocorrerem, devem ser muito pequenos. A AES Eletropaulo investirá R$ 450 milhões e a AES Sul cerca de R$ 200 milhões para manter, expandir e atender sua rede básica. Mesmo que o consumo não cresça no próximo ano, em função da crise, estes investimentos se fazem necessários. Já no segmento de geração, os planos de novos investimentos da companhia seguem em um rumo pouco definido.

Julio Bittencourt/Valor

Britaldo Soares, presidente da AES no Brasil, garante que grupo já tem empréstimo fechado para comprar Brasiliana

A empresa hoje não pode tomar empréstimos do BNDES, em função da renegociação da dívida relativa à compra de participação na Cemig que está sendo discutida judicialmente. Soares garante, entretanto, que a AES Tietê será a empresa instrumento para investimentos em geração no país, apesar de ficar sob o guarda-chuva da Brasiliana. Ele diz que a AES está preparada para comprar os 49,99% do BNDESPar na Brasiliana, se de fato o banco decidir sair da companhia. “Temos um empréstimo já contratado”, diz, garantindo que tal empréstimo não se trata apenas de uma linha de financiamento pré-aprovada.

Outro motivo para concretizar investimentos pela Tietê é o fato de a companhia de geração possuir um fluxo de caixa robusto que facilita busca de recursos no mercado de capitais, por exemplo. O endividamento da empresa também é baixo, ficando em menos de 0,5 do lucro antes dos impostos e amortizações (lajida).

Atualmente os novos investimentos estão concentrados em quatro pequenas centrais hidrelétricas no Rio e em São Paulo. A companhia vai precisar expandir em 15% seu parque gerador para cumprir as regras de privatização do governo de São Paulo. O prazo final para tais investimentos já esgotou, mas a AES Tietê está em tratativas com o governo estadual para prorrogar a exigência. Uma das alternativas seria comprar energia nova de usinas de biomassa, por exemplo. “Nossa prioridade de investimento no momento é cumprir esta obrigação”, diz Soares.

Mas um dos grandes interesses para novos investimentos da AES no Brasil é a energia eólica, como o presidente para a América Latina do Grupo, Andrew Vesey, já afirmou publicamente em meados de setembro. Naquela oportunidade ele chegou a dizer que quando a companhia fizesse que os investimentos em geração em energia eólica não passariam despercebidos. Segundo algumas fontes do setor, a empresa já tem um pé em geração eólica no Brasil quando fez um empréstimo com opção de transformá-lo em ações em um projeto do Proinfa (Programa de incentivos em infra-estrutura do governo), no Ceará. O aporte ficaria em torno de R$ 300 milhões.

Mas o presidente da AES no Brasil se limita a dizer apenas que a companhia tem muito interesse em geração eólica e que estes investimentos não serão feitos pela AES Tietê e sim por uma subsidiária ligada à matriz. O leilão em energia eólica que deve ser realizado pelo governo federal em 2009 também não interessa à companhia. “É preciso ter cautela neste momento atual”, lembra Soares. Mas o presidente da AES diz que a companhia americana não deixou de fazer investimentos mesmo após o início da crise. Ele dá o exemplo de um financiamento de US$ 1 bilhão em projeto de 500 MW no Chile e há três semanas a companhia também anunciou um contrato de financiamento com o Banco Europeu para investimentos em eólica na Bulgária.

Na parte de distribuição no Brasil, a estratégia de Soares é acompanhar o comportamento do consumo no primeiro trimestre e então fazer os ajustes fino. “Vamos priorizar investimentos que dêem retorno rápido”.

Mas a empresa tem alguns problemas a resolver nos próximos anos. Toda a energia da Tietê foi vendida para a Eletropaulo e o contrato tem vencimento em 2015. Apesar de as duas companhias terem feito um contrato aditivo para estender o prazo até 2028, ele não foi aceito pela Aneel. O caso está na Justiça, mas dentro em breve a Tietê precisa fazer uma escolha: revender a energia no mercado livre ou confiar no processo judicial. A térmica de Uruguaiana é outro tema ainda não definido. A usina não está mais operando e os contratos foram desfeitos com as distribuidoras.

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