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Adubação biológica e novos patamares de produtividade

Diversidade de microrganismos é essencial no desenvolvimento dos canaviais

Daine Frangiosi foi o fornecedor de Cana do Ano do MasterCana Brasil 2020 e vencedor da 1ª Edição do Desafio Microbioma Brasil 2019/20

A busca por um manejo cada vez mais sustentável nas lavouras de cana−de−açúcar tem resultado em alta produtividade, mais eficiência e rentabilidade para o produtor rural e diretor−presidente da Canacampo, Daine Frangiosi.

Ao adotar práticas inovadoras e tecnologias que contribuem para a nutrição, a reestruturação do solo e a supressão de doenças, Frangiosi tem conseguido melhorar o desempenho dos seus canaviais e explorar mais o potencial produtivo da cana, garantindo, ainda, maior longevidade do canavial e, consequentemente, a redução do custo de produção.

“Sempre fui fanático por pesquisa e procuro as inovações para garantir o desenvolvimento dos canaviais. É importante buscar o equilíbrio da planta. Saber como o aumento da biodiversidade de microrganismos no solo influencia nesse fator torna−se essencial”, analisa o produtor, nascido em Jaborandi −SP, que foi para o Triângulo Mineiro em 1979 e, com o pai, desbravou o cerrado, plantando arroz e soja, antes de se tornar um especialista em cana−de−açúcar.

De acordo com Frangiosi, uma planta bem equilibrada induz a própria resistência, conseguindo suportar mais patógenos do que uma planta comum. “A biodiversidade microbiana no conceito de manejo sustentável. É isso que estamos buscando na agricultura moderna”, afirma.

Partindo desse conceito, Frangiosi passou a fazer uso de adubo biológico no manejo do solo, para promover a reestruturação e melhorar os ambientes restritivos de seus 4.4 mil hectares, localizados em Campo Florido−MG.

Para isso, escolheu o Microgeo®, um componente utilizado na produção do adubo biológico por meio de um Processo de Compostagem Líquida Contínua (CLC®), obtido a partir da instalação de uma Biofábrica CLC® na propriedade do agricultor. Essa tecnologia visa a reestabelecer o microbioma, resultando na bioestruturação física do solo, na eficiência nutricional e na saúde ecológica do solo e da planta.

Esta será a sexta safra em que a tecnologia Microgeo® será usada como ferramenta essencial no manejo das lavouras. A primeira Biofábrica CLC®, uma caixa de fibra de 15 mil litros, “uma relíquia que está lá até hoje”, deu início a uma parceria de sucesso e, hoje, o produtor possui uma capacidade de 600 mil litros, suficientes para abastecer toda a sua área.

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Tecnologia é usada em todas as fases da cultura

Embora tenha iniciado o experimento em campos de cana, foi na soja que Frangiosi identificou os primeiros resultados positivos. “Fizemos experimento com 18 variedades de soja diferentes, com aplicações intercaláveis, ou seja, uma faixa sim, outra não, e começamos a ver coloração diferente nas variedades, o que chamou a atenção”, contou. Após a colheita, os resultados foram mais visíveis, com variedades alcançando, em média, 8 sacos a mais por hectare, com algumas dando dois sacos e outras 18 sacos a mais por hectare.

No caso da cana−de−açúcar, o agricultor identificou maior biomassa de folha e melhor qualidade, chegando em torno de 4 toneladas de açúcar a mais por hectare. Com os resultados se intensificando, Frangiosi passou a aumentar o uso da tecnologia e, atualmente, esta é usada em 100% no plantio e na soqueira, na área de expansão, área de pastagem e em outras culturas mantidas para a rotação.

“Foi essencial entender o posicionamento do produto para o sucesso do manejo, já que a cana fica entre 12 e 18 meses no campo, o que não justifica usar a tecnologia em uma fase só. Eu uso a tecnologia em todas as fases da cultura, aplicando na parte de solo e aérea da planta também. Em toda aplicação que faço no canavial vai o Microgeo® junto (sic)”, explicou, comentando que, com o manejo sustentável, ele conseguiu, na safra 2020/21, 112 de TCH, 144 de ATR e 16 TAH.

Sua produção tem como destino a Usina Coruripe, Unidade Campo Florido. Além disso, a solução também possibilita à planta ficar mais tolerante ao estresse hídrico, fator importante, principalmente, na safra atual, quando os canaviais enfrentaram a pior seca dos últimos 20 anos, somada à geada de 2019, que refletiu nos campos naquela temporada. Mesmo assim, os associados da Canacampo tiveram uma safra histórica, contabilizando a produção de 4.450 milhões de toneladas de cana.

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Frangiosi frisa, ainda, que as tecnologias contribuem para manter o teto produtivo do canavial e fazem parte de um conjunto de ações para garantir o sucesso das lavouras. Assim, o produtor adota, também, um plantel varietal amplo, trabalhando com 107 variedades, tendo algumas teto produtivo de 300 toneladas. O produtor explica que a variável clima tira 100 toneladas do teto produtivo.

“No caso de variedades com teto produtivo de 300 toneladas, perde 100 e passa a ter 200 toneladas de teto produtivo devido ao clima. Para garantir que a variedade mantenha o teto máximo, é preciso dar atenção à todas as etapas fenológicas da cultura, com os manejos apropriados em cada fase. Umas das tecnologias que vem contribuindo para garantir o teto máximo é o Microgeo®”, explicou.

Reposição da diversidade de microorganismo (ou MIcrobioma) em várias fases da cultura é essencial para garantir a eficiência da produção de cana

O produtor possui uma capacidade de produzir 600 mil litros do adubo biológico, suficientes para abastecer toda a sua área

A engenhosidade e a competência demonstradas no campo deram a Daine Frangiosi o título de Fornecedor de Cana do Ano do MasterCana Brasil 2020 e de vencedor da 1ª Edição do Desafio Microbioma Brasil 2019/20, um programa inspirado no Plant Microbiome Symposium.

A iniciativa, idealizada pelos fundadores da Microgeo️, incentiva a discussão sobre a importância do microbioma na agricultura, em busca de inovadoras práticas de manejo que demonstrem os benefícios do adubo biológico produzido com Microgeo® para suprir as necessidades de produção, a sustentabilidade no manejo e a qualidade de vida.

“Para mim, a tecnologia é muito mais do que um simples produto biológico. Então, o experimento serviu para conhecer e conseguir tirar o potencial máximo dessa tecnologia”, explicou o produtor. Assim, em 2018, ele começou o experimento, mas, com o campo destruído pela geada no ano seguinte, foi preciso refazer as etapas da pesquisa, o que foi essencial para entender qual o melhor modo de aplicação do produto.

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Os resultados obtidos foram satisfatórios. Frangiosi observou o aumento da atividade enzimática do solo e a capacidade fotossintética da planta, a supressão de doenças e pragas e o aumento da produtividade no tratamento com aplicação parcelada da tecnologia Microgeo® ao longo da safra, no solo e via foliar, garantindo, assim, a reposição da biodiversidade microbiana em várias fases da cultura.

“O Microgeo® é um repositor de microrganismos, o que faz com que a eficiência da planta melhore e mantenha o seu sistema equilibrado, resultando na diminuição do uso de tecnologias químicas,  manejos e na maximização da proteção ao meio ambiente. Esse é o fundamento”, afirma.

Ele lembra que a sustentabilidade passou a ser tendência cada vez mais exigida pela sociedade e mercados e a tecnologia do Microgeo® também contribui nesse sentido, pois promove um processo produtivo mais eficiente e sustentável, que ajuda a mitigar as emissões de carbono, principalmente agora que o RenovaBio está deslanchando.

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Com o manejo sustentável, Frangiosi conseguiu, na safra 2020/21, 112 de TCH, 144 de ATR e 16 TAH

O produtor ressaltou, ainda, a importância de ter participado do Desafio. Além do conhecimento adquirido com o experimento, citou a troca de experiência e o alto nível dos participantes, que despertaram para novas ideias para o uso no campo.

Para aprofundar os conhecimentos e conseguir um manejo cada vez mais sustentável, Frangiosi segue em busca de parcerias com o meio acadêmico, tendo já contato com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV). “É importante trazer a parte acadêmica para perto da gente e é isso que estamos fazendo, senão a academia entende de uma forma e o campo, de outro. É preciso somar e fazer a pesquisa mais apropriada para os desafios do campo”, conclui.

Desafio Microbioma Brasil 2020/21

A segunda etapa do Desafio já está em andamento e, a partir de maio, os primeiros resultados serão concluídos para que a banca avaliadora analise regionalmente os dados coletados. O programa conta com duas etapas ao longo do ano (regional e nacional), além de premiações para os ganhadores regionais e o finalista. O 1º e o 2º lugar da etapa nacional 19/20 receberam como prêmio a viagem, bem como a inscrição, ao Plant Microbiome Symposium, que, em 2021, será realizado na Escócia.

Esta matéria faz parte da edição 323 do JornalCana. Para ler, clique AQUI!

 

 

 

 

 

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