A Usina São José da Estiva, com unidade em Novo Horizonte (SP), tem planos de investir na ampliação do mix de produção. O investimento depende, no entanto, das condições da economia do país, explica Roberto Holland Filho, CEO da companhia sucreonergética.
Em entrevista ao Portal JornalCana, Holland detalha sobre o plano e faz avaliações a respeito da safra 2016/17, cana bisada e do mercado de açúcar.
Portal JornalCana – Como vai a safra 2016/17 da Usina São José da Estiva?
Roberto Holland Filho – Na safra 2015/16, a Usina São José da Estiva registrou 70% de aproveitamento de tempo de produção. Foi o mais baixo aproveitamento da usina dos últimos 15 anos. O culpado é a condição climática. Para safra em andamento, a Estiva está acumulada com 74%. A unidade encerrou os três primeiros meses de safra com aproveitamento semelhante ao da safra anterior.
Como está a participação de cana bisada na safra em andamento?
Roberto Holland Filho – Na safra 16/17, a Estiva deverá moer 400 mil toneladas de cana bisadas.
Qual sua opinião sobre a cana bisada?
Roberto Holland Filho – A bisada é um mau negócio. Em toneladas de açúcar por hectare, você tem matéria-prima compatível em produtividade com uma cana média, mas o custo de colheita é baseado em tonelada. Ou seja, trazemos menos açúcar para dentro da usina por um valor maior.
E o que fazer com a bisada?
Roberto Holland Filho – Nossa intenção é não bisar nada este ano. E acelerar a moagem: moíamos entre 16 a 17 mil toneladas por dia e estamos com moagem média diária de 19 mil toneladas. Esse desempenho é possível graças ao investimento de ‘camisas’ perfuradas nos seis ternos do sistema de moenda, que estreamos nesse ano.
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Qual a previsão de encerramento da 16/17?
Roberto Holland Filho – A previsão inicial era a de encerrar a safra em 20 de novembro, e agora a projeção é concluir em 10 de dezembro. A extensão de prazo é devido à cana bisada e às chuvas já registradas no fim de maio e começo de junho, que paralisou a moagem por 15 dias.
Qual a projeção de moagem?
Roberto Holland Filho – Nossa previsão é moer 3,5 milhões de toneladas de cana na safra 16/17, incluindo aí as 400 mil toneladas de cana bisada. Na 15/16, a moagem da Estiva alcançou 3,290 milhões de toneladas, que foi o recorde de moagem da unidade. Estabilizamos a usina agora para uma capacidade de 3,5 milhões de toneladas.
O mix de produção está definido?
Roberto Holland Filho – Sim. Como integramos a Copersucar, já em março definimos o mix. Não temos [na Estiva] muita margem para variar o mix. No açúcar, que está com preço remunerador, conseguimos chegar a até 55% da cana processada. Isso deve render 4,5 milhões de sacas do adoçante. E em torno de 120 milhões de litros de etanol, sendo 100 milhões de litros de anidro e 20 milhões de litros de hidratado.
Qual o tipo de açúcar produzido pela Estiva?
Roberto Holland Filho – Fazemos o VVHP.
Há previsão de investir para ampliar essa capacidade de produção de açúcar?
Roberto Holland Filho – Sim. Um de nossos projetos de futuros investimentos é na fábrica de açúcar, para ampliar o mix. A capacidade da usina é em metros cúbicos/horas de caldo que ela consome. Hoje, conseguimos colocar 500 m3/horas de caldo. Não conseguimos injetar mais do que isso. O que sobra de caldo vai para a destilaria.
“Vivemos em um mercado bem cíclico”
Qual sua avaliação para o mercado de açúcar nos próximos anos? Deverá continuar favorecendo o setor sucroenergético brasileiro?
Roberto Holland Filho – Em minha opinião pessoal, acredito em mercado favorável de açúcar nos próximos três anos. Vivemos em um mercado bem cíclico. Mas não é normal é ficar quatro anos em situação tão desconfortável como o setor ficou, por conta da estabilização do preço da gasolina. Mas, no caso do açúcar, tudo indica que nos próximos três anos ou até mais [haverá mercado favorável], porque não deverá haver investimentos em aumento da capacidade de produção.
Essa previsão de preços remunerados também ajudou a Estiva a planejar o investimento na expansão de ampliação do mix produtivo?
Roberto Holland Filho – Temos um planejamento plurianual com horizonte de cinco anos. Nossa ideia é em 2019 fazer esse investimento para ampliar o mix. É um investimento de US$ 15 milhões.
Como buscar esses recursos financeiros diante um país em instabilidade econômica?
Roberto Holland Filho – Não se sabe o que irá ocorrer. Entramos com um pedido para adquirir quatro colhedoras da cana, cada uma a R$ 800 mil. Entramos e havia o Moderfrota. Estava para ser liberado e o Moderfrota foi encerrado.
Fale mais a respeito
Roberto Holland Filho – Você faz um planejamento de aumento de produção de açúcar. É preciso licenciamento ambiental, de licenças da Cetesb, todo um trabalho, todo um custo. É preciso saber onde tirar o dinheiro e a que preço. É necessário ter uma previsão de médio prazo de venda de produto, mas hoje você não sabe o que irá acontecer amanhã. Se fica o atual governo, se volta o anterior.