Na visão do presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de MG (SIAMIG), Mário Campos, o processo de profissionalização das entidades representativas contribui para o fortalecimento do setor, garantindo algumas conquistas significativas.
“Houve um momento no passado, que o setor resolveu profissionalizar essas entidades. Eu sou um exemplo disso. Coisa que não se vê em outros segmentos. Tenho experiência na Federação das Indústrias de Minas Gerais, e vejo como nós conseguimos nos diferenciar, com essa nossa forma de atuação profissional”, disse Campos, durante participação no “II Encontro Técnico: Produtividade – A essência Para Competir”, no Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), em Piracicaba -SP.
“Quem não gosta de trabalhar com política, tem dificuldades no nosso setor, porque trabalhamos com produtos que são historicamente – não só aqui no Brasil – principalmente na questão energética, que tem interferência e sofrem regulação, por parte dos governos”, explicou ele, no evento realizado pela Canaplan e CTC.
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“Por isso, temos que usar essa necessidade de diálogo para construir políticas que, de fato, promovam o desenvolvimento deste segmento. Por exemplo, quando comecei no setor estava com uma mistura de etanol na gasolina de 22%, hoje está em 27% e já estamos falando em 30%”, ressaltou.
Campos lembrou que o etanol hidratado estava praticamente desaparecendo no Brasil, tendo um impulso com o surgimento do carro flex e o etanol retornou, sendo um drive de crescimento do setor, naquele momento. Citou também a bioeletricidade, que foi uma construção do segmento, a partir de 2001, com a crise energética. Hoje, existem outros produtos, como o biogás e o biometano. “E tudo isso, precisa de gente trabalhando na regulação, conversando com o poder público”, argumentou Campos.
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“Temos entidades regionais e nacionais muito fortes. Agora, o segundo ponto é como usar essa nossa capacidade construída, para melhorar o mundo do negócio. O nosso papel é sempre procurar reduzir aquilo que setor público possa influenciar, para que possamos ter maior previsibilidade, citando como exemplo a questão do preço da gasolina. Ao mesmo tempo, estamos construindo em conjunto, o Projeto de Lei do Combustível do Futuro, que vai definir o que o Brasil vai ser, nessa questão de descarbonização nos próximos anos. Na questão do carro elétrico, por exemplo, precisamos mostrar que o etanol é viável”, defendeu Campos.
Para o presidente do SIAMIG é importante para o setor conversar da porteira para dentro. “Na questão do RenovaBio temos o desafio de trazer o fornecedor junto com a gente. Nosso produto se encaixa dentro das metas de descarbonização das grandes corporações. Precisamos motivar esses grupos a utilizar nossos produtos”.
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Campos citou ainda o programa “Movido pelo Agro”, pelo qual a frota da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG) só é abastecida com etanol, e que pretende levar isso para outras entidades. “Temos ainda que solucionar a questão trabalhista, onde o setor voltou a fazer parte das estatísticas”, ressaltou Campos.