A escassez de chuvas em Minas Gerais nos últimos meses resultará em uma redução de 10% a 30% na produção de cana-de-açúcar no Estado, terceiro maior produtor do Brasil – vice-líder até dois anos atrás, quando perdeu espaço para Goiás – segundo estimativas de órgãos ligados ao setor.
Além de prejudicar a colheita deste ano, justamente na época de crescimento do canavial, a seca já compromete o plantio da safra do ano que vem, que precisou ser adiada e, em alguns casos, até cancelada.
“De janeiro para cá, os índices pluviométricos estiveram abaixo de níveis históricos e esse período é muito importante para o crescimento da cana. Com o clima seco, muito produtores estão deixando de renovar a plantação para colheita em 2015”, afirma o presidente-executivo da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.
Avaliação
De acordo com o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Ricardo Albanez, o cenário é preocupante e, embora o Estado ainda esteja no período de entressafra da cana, as perdas esperadas já são consideradas expressivas e deverão impactar no valor bruto da produção.
“O PIB (Produto Interno Bruto) do agrone-gócio e a renda do produtor rural também serão reduzidos. Um levantamento da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), que acompanha de perto os agricultores, já aponta para queda de 30% na safra”, diz Albanez.
Reação
Diante da situação atípica de seca em um período tradicionalmente chuvoso, já são observadas elevações de preços do açúcar e do etanol. A tendência, segundo Campos, é a de que o mix deste ano seja o mesmo da safra passada, mais inclinado para o setor alcooleiro.
“O preço do açúcar está há três anos em um baixo patamar. Agora, a seca no país levou a uma alta discreta. Já o etanol teve um bom aumento em função do adiamento do plantio da nova safra”, afirma o presidente-executivo da Siamig.
Usinas fecham as portas
No mês passado, os índices pluviométricos nas principais regiões produtoras de cana-de-açúcar de Minas Gerais, a exemplo do Triângulo, ficaram 50% abaixo do normal, o que já vinha gerando tensão no setor.
A cerca de 30 dias da colheita da safra atual, as principais entidades representativas do setor sucroalcooleiro têm evitado comentar a situação da seca no Centro-Sul do Brasil, região que concentra os maiores produtores de cana do país. A previsão é a de que apenas em abril sejam feitos pronunciamentos.
De acordo com dados do Siamig, a gravidade da situação já levou seis empresas a fecharem as portas nos últimos quatro anos. Outras quatro estariam em situação de risco.