Um grupo do Linkedin propõe uma discussão pertinente sobre a realidade das usinas e empresas do setor sucroenergético na atualidade e lança a seguinte pergunta: “Quais soluções para usinas e grupos que estão endividados?” (http://lnkd.in/bT7S6hE). Diante desse debate diversos representantes do segmento participam com propostas para solucionar ou amenizar o problema. Alguns mais extremistas, acreditam que a solução é vender a massa falida em leilão o mais rápido possível. Outros, buscam soluções com união de forças e melhoria na gestão.
Luciano Melo, do setor de Segurança Empresarial na Odebrecht Agroindustrial, afirma que a venda da massa falida é imediatista. “Nesse momento difícil o racional é nos unirmos, coisa que há muitos anos nunca foi feito. Unir o setor e buscar no governo a solução, pois a dívida surgiu a partir da valorização do setor e do produto, além disso, sempre foi necessário investir em novas tecnologias e demais estruturas para que o negócio se perpetuasse. A solução deve vir do governo. Vencerá quem acreditar, resistir e lutar para que essas politicas atuais mudem”, lembra.
Já Fernando Falheiros, analista de Controladoria e Custos na SJC Bioenergia, lança a questão: resta saber quantos ainda sobreviverão até o poder público dar a devida atenção ao setor? “Infelizmente o que vemos é reflexo do descaso político que tenta garantir uma reeleição às custas de um setor inteiro (manter a inflação a níveis “normais” subsidiando a gasolina, sucatear a Petrobrás como consequência e minar o potencial comercial do etanol brasileiro). Mas infelizmente o histórico da gestão do setor sucroenergético não é o dos melhores pela própria iniciativa privada; e não adianta colocar toda a culpa no governo. No entanto, se as coisas continuarem como estão, com certeza o golpe final e fatal será dele”, explica.
Andre Marques Valio, diretor da Valio Competitive Intelligence e blogueiro do JornalCana.com.br, avalia que depende do nível de endividamento da empresa e das características deste endividamento (cambial e taxas de juros). “Pela experiência que tenho e de conversas com executivos do setor com os quais mantenho contato mais próximo, existe uma parcela significativa de empresas que já não são mais viáveis independente dos preços do produto final. Partindo desta situação há razão na estratégia de venda dos equipamentos da massa falida o quanto antes. Em alguns casos, o perfil do endividamento é tão absurdo que há credores dispostos a assumir a massa falida (ou em processo falimentar) e vender o negócio por R$1, após cobrar apenas os juros da dívida por 10 anos se o comprador apresentar garantias para tal (o principal da dívida viraria pó!)”, frisa.
Luiz Sanches, diretor na Grupo Canabrava, apesar de estar há menos de dois anos no setor sucroenergético, faz algumas comparações com o setor petrolífero, segmento onde trabalhou anteriormente. “Os colaboradores do setor sucroenergético, em média, tem um grau de treinamento e formação inferior do que do Petróleo. Os funcionários em cargos de chefia, dificilmente têm um MBA ou algo na área de gestão. É como se promovêssemos o Neymar a técnico da seleção pelo fato dele ser um craque. Promove-se por gratidão e não nos preocupamos em preparar”, diz.