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Recordista norte-americano quer impulsionar produtividade da cana no Brasil

Recordista norte-americano quer impulsionar produtividade da cana no Brasil

kip cana
O produtor norte-americano, Kip Cullers, cultiva grãos por mais de 25 anos com importantes recordes mundiais de produtividade. Como agricultor, ganhou fama ao bater essas marcas, com 173 sacas de soja por hectare, o triplo da média brasileira. Kip trouxe sua fórmula para o Brasil e agora oferece uma linha específica de tecnologia agrícola que proporciona soluções para diversas culturas, entre elas a cana. Os conceitos técnicos e inovadores foram baseados nos fundamentos da fotossíntese de cada planta. Confira entrevista exclusiva com o especialista.

JornalCana – Na sua opinião, qual é o significado do mercado agrícola brasileiro para o mundo? E qual é o papel da cana-de-açúcar neste cenário?

Kip Kullers – A agricultura é a espinha dorsal da economia mundial e sem dúvida a agricultura brasileira é uma das maiores do mundo, por isso, o seu papel é muito importante. Sempre ouço dizer que o Brasil será o celeiro do mundo e desde que vim para o Brasil há sete anos, concordo com esta afirmação. A cana tem sido um líder em energia renovável no mundo e ajuda o país a tornar-se menos dependente do petróleo e de outras fontes de energia. A demanda é muito forte para o etanol, açúcar e energia e o Brasil terá que aumentar sua produção de cana-de-açúcar pelos próximos anos, por isso quero ajudar a fornecer soluções fáceis para os agricultores brasileiros a fim de atender a demanda, tanto interna como globalmente.

O maior desafio do setor canavieiro deve ser sempre aumentar o seu rendimento. Como sua tecnologia e produtos podem ajudar o setor sucroenergético a resolver este problema?

Eu tenho certeza de que há maneiras de aumentarmos mais o potencial de rendimentos na cana-de-açúcar. A chave para aumentarmos os rendimentos na cana e também em todas as culturas que trabalho, é aumentar a fotossíntese da planta e remover as tensões, tanto quanto possível. Minha tecnologia estimula o aumento do ciclo de fotossíntese na planta, resultando em maior estruturação da planta, aumentando o seu desempenho. Em termos de tensões da plantas, elas podem mudar anualmente pois onde ocorre deficiências de manejo, seja em nutrientes, ou no combate aos inseto, erva daninha, pressão de doenças, ou na falta de água, ou dentre outras variáveis, nós temos que trabalhar de uma maneira bem preventiva e assim termos um controle das variáveis.

A empresa Kip Cullers tem um produto específico para a cultura da cana-de-açúcar, um fertilizante foliar. Você poderia dizer algo sobre este produto? Como ele foi desenvolvido e quais são os seus benefícios?

Eu venho desenvolvendo minha tecnologia de aumento na produtividade da planta há mais de 30 anos e a cada ano eu trabalho com mais de 500 experimentos em minha fazenda. Assim eu posso aprender mais a cada ano e também entender como eu posso aumentar meu rendimento nos meus 10.000 ha localizados no estado de Missouri/EUA. Hoje temos quatro produtos que trabalhamos dentro do setor sucroenergético, sendo o Kip Kola, Kip Solo, Kip Cana e o Kip Tech e cada um deles com características diferentes que vão desde o plantio até cana de início de safra. Aproveito a minha tecnologia na cana-de-açúcar utilizando o processo de aumento da fotossíntese da planta e assim com um maior enraizamento, elevando o número de folhas, gemas e colmos. Os nutrientes podem ser absorvidos na cana de forma mais eficiente, com a expansão dos perfilhamentos e desenvolvimento da estrutura da planta e isso leva a um aumento de peso, açúcar e energia por hectare, chegando no final da safra com maior lucro. Meu trabalho na cultura da cana começou há quatro anos, quando iniciei o meu estudo com o Grupo Ipiranga na unidade de Mococa e a partir deste momento me apaixonei por esta cultura. Hoje temos resultados positivos médios de 17% de TCH, 4,5% em ATR e 2 folhas a mais/planta, o que gera mais energia. Além de ter um ótimo produto que tem alcançado grandes resultados, temos um estrutura de acompanhamento que vai desde aplicações, biometrias até as colheitas pois este também é um grande diferencial de nossa empresa. O trabalho é contínuo e não vou medir esforços para continuar a oferecer soluções para todo o setor, melhorar o solo para as raízes das plantas poderem se desenvolver mais rápido e os nutrientes poderem ser absorvido mais rapidamente.

kip geral

Quanto à sua experiência de cultivo de cana no Brasil, qual é a sua percepção?

A cana-de-açúcar é uma planta incrivelmente eficiente no Brasil e temos uma oportunidade muito grande de incremento em sua produção. Em termos da fisiologia da planta, considero a relação com a planta do milho, que tenho o recorde de 392 sacas/ha e média de 291 sacas/ha, como referência pois são classificadas como culturas C4. Esta conexão permite que alguns paralelos de minha tecnologia sejam transferidos tanto da produção de milho como na cana-de-açúcar. Sei que os custos para o setor aumentaram muito nos últimos anos e hoje temos uma valorização das terras e arrendamentos, ficando assim a alternativa de crescermos verticalmente, ou seja, aumentando a produtividade individual de cada propriedade. Temos também um aumento contínuo na produção dos veículos flex e já tenho estudado as novas tecnologias como o Etanol 2G e a Cana-Energia. Portanto estou muito feliz e otimista em poder ajudar o setor com minha experiência e tecnologia.

Como os produtores de cana-de-açúcar do Brasil aceitaram os produtos da sua empresa?

Tive uma excelente receptividade dentro do setor e penso que além do meu recorde (173 sacas/ha na soja) o grande fator de aceitação, foi o fato de ser um produtor também e assim conhecer as mesmas dificuldades no campo. Estamos atualmente em nosso 4º ano de comercialização, aonde na safra 13/14 aplicamos a tecnologia em 36 usinas e agora na safra 14/15 serão 55 usinas, dentre elas as do Grupo Raízen que tendo orgulho pessoal de ter realizado um trabalho em conjunto e hoje estarmos aprovados. Fiquei muito feliz em conhecer usineiros como a família Quagliato, da Usina São Luiz, que são altamente tecnificados e mesmo assim buscam insistentemente o máximo de sua produtividade. No início do mês realizamos um estudo de expansão no setor na região do Nordeste e nossa equipe visitou 11 Usinas em quatro estados. Estou extremamente feliz com os relacionamentos que tenho no setor e muito ansioso para o aumento dos resultados, pois hoje tenho um produto de qualidade, de fácil aplicação, que fornece resultados consistentes de produtividade e assim gerando ganhos financeiros de alta relevância.

Seus produtos são bem conhecidos em todo o mundo. Que dicas você pode dar aos produtores de cana do Brasil para melhorar o seu rendimento?

Na realidade eu sou conhecido mundialmente pelos meus recordes alcançados, porém escolhi a cidade de Ribeirão Preto (SP) para ser a minha sede e o Brasil para aplicar minha tecnologia e minha experiência, atuando hoje em sete estados com 13 culturas diferentes. Quanto a dica, seria de continuar a melhorar no que você faz a cada dia, pois podemos aprender mais e conseguir melhores rendimentos quando investimos em experiências sejam elas em novas tecnologias tanto em produtos como em variedades. Há muitas peças do quebra-cabeça do rendimento que podem ser transferíveis de uma cultura para outra e vejo na cana um grande espaço para crescimento.Tenho percebido que alguns produtores sempre fazem o mesmo manejo e sempre esperam que algo diferente aconteça e isto não acontece. Então saiam da “caixa”. O meu objetivo número um é ajudar os agricultores brasileiros a encontrarem as soluções para o aumento do seus rendimentos.